São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE NA MIRA

Instalações já visitadas nos anos 90 serão as primeiras a serem fiscalizadas; EUA falam em "tolerância zero"

ONU começa hoje inspeções decisivas no Iraque

Awad Awad/France Presse
Equipamentos para as inspeções da ONU são exibidos em Bagdá


DA REDAÇÃO

Inspetores de armas da ONU, "totalmente conscientes" de sua responsabilidade, disseram ontem que estão prontos para iniciar hoje buscas no território iraquiano por laboratórios móveis, fábricas subterrâneas e outros sinais de que o Iraque esteja produzindo armas de destruição em massa.
A equipe da ONU começa hoje o que se prevê que sejam meses de inspeções difíceis em centenas de locais no país. Os primeiros alvos serão instalações já inspecionadas e "neutralizadas" nos anos 90.
O resultado das inspeções pode determinar o futuro da paz no Oriente Médio. Os EUA, que têm reforçado significativamente sua presença militar na região, advertiu o Iraque de que vai desarmar o país à força se o governo não colaborar com as inspeções da ONU.
Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que o presidente George W. Bush "espera que os inspetores levem suas responsabilidades muito a sério e ele sabe que eles irão fazê-lo, para descobrir se o Iraque tem mesmo essas armas".
Se o Iraque não cooperar, afirmou Fleischer, "Saddam Hussein terá de descobrir exatamente o que "tolerância zero" significa".
Os inspetores da ONU estão de volta após quatro anos, sob uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU, para testar a afirmação do governo de Bagdá de que o país não tem armas químicas, biológicas ou nucleares.
Equipes anteriores de inspetores da ONU, em sete anos de trabalho -até 1998- destruíram grandes quantidades de armas químicas e biológicas e mísseis de longo alcance, proibidos ao Iraque por resoluções da ONU posteriores à Guerra do Golfo (1991). Os inspetores também desmantelaram o programa de armas nucleares do Iraque antes de o país conseguir construir uma bomba.
Um grupo de 17 inspetores chegou a Bagdá anteontem. Eles são os primeiros de uma equipe de cerca de cem técnicos da Unmovic (Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção da ONU) e da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) que, até o fim do ano, deve estar operando no Iraque.
Os dois chefes locais dos inspetores disseram ontem ter planos claros, mas secretos, para os próximos meses de inspeções.
"Estamos totalmente conscientes da responsabilidade que temos sobre os nossos ombros", disse Jacques Baute, da AIEA.
Demetrius Perricos, chefe da equipe da Unmovic, disse a repórteres que os "palácios presidenciais" de Saddam serão inspecionados, mas não disse quando. "Eles serão visitados quando for necessário e de acordo com os planos. E posso assegurar que não vamos contar a vocês", afirmou. Jornalistas estão proibidos de acompanhar as inspeções.
Ele disse que os equipamentos de inspeção disponíveis hoje são muito mais avançados do que os usados pelas equipes anteriores da ONU. Para buscar fábricas e depósitos de armas subterrâneos, por exemplo, há radares especiais que penetram no solo, afirmou.
Cerca de 20 toneladas de equipamentos já foram levadas ao Iraque, e, até meados de dezembro, a equipe terá helicópteros para ajudar a monitorar áreas em que inspeções estejam sendo realizadas.
"Não queremos que carros ou pessoas saiam da área carregando coisas", disse Perricos.

Rumsfeld
No que se refere a uma eventual ofensiva militar no Iraque, a ajuda requisitada pelos EUA a outros Estados demonstra a seriedade dos propósitos de Washington, segundo o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.
Ele disse que 50 países já foram contatados pelos EUA. Na última semana, Bush conversou com os líderes dos países-membros da Otan sobre a questão iraquiana.

Com agências internacionais


Texto Anterior: EUA: Bush quer ligar ajuda externa a liberdades
Próximo Texto: Sauditas podem "fazer mais", cobram EUA
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.