São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Unasul se reúne em Quito sem avanços em impasse militar

A reunião extraordinária do Conselho de Defesa do bloco caminha para manter o imbróglio de pacto EUA-Colômbia

Encontro de delegações se dá após elevação das rusgas entre Bogotá e Caracas; já Chile e Peru tentam abordar suas disputas fora do órgão


FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A reunião extraordinária do Conselho de Defesa e de chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), hoje em Quito, caminha para manter o impasse em torno do pacto militar firmado entre Colômbia e Estados Unidos já demonstrado em três encontros anteriores, incluindo a cúpula de presidentes em Bariloche, na Argentina, em agosto.
A Venezuela quer manter o assunto no centro de debate e promete levar "provas" de que a maior presença americana em sete bases militares colombianas representa uma "ameaça" à região e a seu país.
Já a Colômbia anunciou que não mandará nenhum ministro a Quito, sendo representada apenas em "nível técnico" -eufemismo para funcionários de baixo escalão.
Desde a última reunião da Unasul, a tensão entre Colômbia e Venezuela cresceu, especialmente por conta de incidentes violentos na fronteira, infestada de contrabandistas, narcotraficantes e guerrilheiros dos dois lados da divisa. A aposta do Brasil era acalmar os ânimos promovendo um encontro bilateral entre o colombiano Álvaro Uribe e o venezuelano Hugo Chávez ontem em Manaus. Uribe, porém, cancelou sua participação.
Tanto Uribe quanto Chávez têm levado suas diferenças para instâncias fora do subcontinente, numa outra demonstração dos problemas de implementação efetiva enfrentados pela Unasul. Colômbia e Venezuela se revezaram nas últimas semanas entregando documentos na OEA (Organização dos Estados Americanos) e na ONU para reclamar do vizinho.
Segundo o assessor internacional da Presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia, o que se espera é um "armistício retórico" entre Chávez e Uribe. Mas ele mesmo admitiu que "a Unasul está paralisada".
Delegações das chancelarias e das pasta de Defesa também se reúnem à sombra de uma nova crise bilateral, provocada pelo suposto caso de espionagem feita por um militar peruano a favor do Chile. Ambos os países, porém, concordam que esse é uma tema bilateral.
A novidade deve ser a apresentação formal da proposta peruana de estabelecer um pacto regional de não agressão e chegar a um compromisso de redução de gasto militar. O Peru se diz ameaçado pelo incremento do arsenal chileno. Os peruanos já apresentaram o plano aos países da região. Só receberam apoio do anfitrião Equador, mas o Chile pareceu concordar com a ideia, apresentando plano complementar.
O tema é delicado para o Brasil, que fez compras militares relevantes nos últimos dois anos. Nesta semana, o Exército brasileiro confirmou que estuda a compra de um sistema antiaéreo russo cujo custo está estimado em ao menos US$ 300 milhões (R$ 520 milhões).


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