São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Opositor já reconhece derrota no Uruguai

Luis Alberto Lacalle finaliza campanha para eleição de domingo cerca de 8 pontos atrás de José Mujica em pesquisas

Para o candidato de centro-direita, "um partido tem de aprender a fazer a autópsia depois do fracasso"; chapa não logrou impor agenda


SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU

O candidato de centro-direita à Presidência do Uruguai, Luis Alberto Lacalle (Partido Nacional), admitiu antecipadamente a derrota para o esquerdista José Mujica (Frente Ampla), depois que todas as pesquisas coincidiram em apontar vitória folgada de Mujica no próximo domingo, quando o país realiza a votação do segundo turno da eleição.
"Vão me cobrar a fatura. Analisaremos [a derrota], espero que serenamente, porque um partido tem de aprender a fazer a autópsia depois do fracasso", disse Lacalle ao diário uruguaio "La República".
Lacalle afirmou ainda ao jornal "Últimas Noticias" que seu partido "é velho amigo da derrota", lembrando que os blancos ficaram "93 anos fora do poder". O Partido Colorado é o que mais tempo governou o Uruguai. Lacalle já ocupou a Presidência, entre 1990 e 1995.
Mujica, por sua vez, pediu à militância que evite o clima de "já ganhou" e não arrefeça a vigilância. Ele está ao menos oito pontos à frente (por 49,7% a 41,7%, segundo o grupo Cifra, e 50% a 41%, para o Factum).
A circulação de cédulas adulteradas no país é motivo de preocupação na campanha da Frente Ampla. No Uruguai, as cédulas de cada partido são distribuídas antecipadamente. Os eleitores depositam a de sua preferência na urna.
A cédula da chapa José Mujica-Danilo Astori é um folheto branco com a foto dos dois, que "parece um panfleto de feira", como disse Mujica, "mas é oficial". Abaixo da foto, consta a data da eleição -29 de novembro de 2009. Folhetos sem a data, que circulam por Montevidéu, não serão contabilizados.

Ar eufórico
"Existe um ar eufórico não recomendável para um ato eleitoral. A verdadeira pesquisa de opinião é a votação. É preciso respaldar a confiança excessiva com fatos", afirmou Mujica. Sua chapa participou ontem de três atos de campanha nas ruas, incluindo o "bandeiraço", que estendeu uma enorme bandeira do partido na capital.
O marqueteiro de Lacalle, Roberto Lafluf, admitiu à Folha que o candidato não conseguiu "melhorar a equação entre os níveis de simpatia e antipatia que gera nos eleitores", como tentou fazer no segundo turno.
"Infelizmente, não conseguimos impor uma agenda. Estivemos o tempo todo correndo atrás da agenda ditada pela Frente Ampla", disse.
Com spots de TV semelhantes a um telejornal e sem assinatura do Partido Nacional, a campanha de Lacalle tentou vincular um episódio policial a Mujica. Os spots sugeriam que um arsenal ilegal de armas encontrado pela polícia provinha do grupo guerrilheiro Tupamaro, do qual Mujica foi líder.
"O conteúdo não era mentira, mas foi mal apresentado. Soou como uma estratégia de campanha suja. Foi um erro de alto preço", afirma Lafluf.


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