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Opositor já reconhece derrota no Uruguai
Luis Alberto Lacalle finaliza campanha para eleição de domingo cerca de 8 pontos atrás de José Mujica em pesquisas
Para o candidato de centro-direita, "um partido tem de aprender a fazer a autópsia depois do fracasso"; chapa não logrou impor agenda
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU
O candidato de centro-direita à Presidência do Uruguai,
Luis Alberto Lacalle (Partido
Nacional), admitiu antecipadamente a derrota para o esquerdista José Mujica (Frente Ampla), depois que todas as pesquisas coincidiram em apontar
vitória folgada de Mujica no
próximo domingo, quando o
país realiza a votação do segundo turno da eleição.
"Vão me cobrar a fatura. Analisaremos [a derrota], espero
que serenamente, porque um
partido tem de aprender a fazer
a autópsia depois do fracasso",
disse Lacalle ao diário uruguaio
"La República".
Lacalle afirmou ainda ao jornal "Últimas Noticias" que seu
partido "é velho amigo da derrota", lembrando que os blancos ficaram "93 anos fora do
poder". O Partido Colorado é o
que mais tempo governou o
Uruguai. Lacalle já ocupou a
Presidência, entre 1990 e 1995.
Mujica, por sua vez, pediu à
militância que evite o clima de
"já ganhou" e não arrefeça a vigilância. Ele está ao menos oito
pontos à frente (por 49,7% a
41,7%, segundo o grupo Cifra, e
50% a 41%, para o Factum).
A circulação de cédulas adulteradas no país é motivo de
preocupação na campanha da
Frente Ampla. No Uruguai, as
cédulas de cada partido são distribuídas antecipadamente. Os
eleitores depositam a de sua
preferência na urna.
A cédula da chapa José Mujica-Danilo Astori é um folheto
branco com a foto dos dois, que
"parece um panfleto de feira",
como disse Mujica, "mas é oficial". Abaixo da foto, consta a
data da eleição -29 de novembro de 2009. Folhetos sem a data, que circulam por Montevidéu, não serão contabilizados.
Ar eufórico
"Existe um ar eufórico não
recomendável para um ato eleitoral. A verdadeira pesquisa de
opinião é a votação. É preciso
respaldar a confiança excessiva
com fatos", afirmou Mujica.
Sua chapa participou ontem de
três atos de campanha nas ruas,
incluindo o "bandeiraço", que
estendeu uma enorme bandeira do partido na capital.
O marqueteiro de Lacalle,
Roberto Lafluf, admitiu à Folha que o candidato não conseguiu "melhorar a equação entre
os níveis de simpatia e antipatia
que gera nos eleitores", como
tentou fazer no segundo turno.
"Infelizmente, não conseguimos impor uma agenda. Estivemos o tempo todo correndo
atrás da agenda ditada pela
Frente Ampla", disse.
Com spots de TV semelhantes a um telejornal e sem assinatura do Partido Nacional, a
campanha de Lacalle tentou
vincular um episódio policial a
Mujica. Os spots sugeriam que
um arsenal ilegal de armas encontrado pela polícia provinha
do grupo guerrilheiro Tupamaro, do qual Mujica foi líder.
"O conteúdo não era mentira, mas foi mal apresentado.
Soou como uma estratégia de
campanha suja. Foi um erro de
alto preço", afirma Lafluf.
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