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Petrobras envia navio com gasolina
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A PDVSA, a estatal venezuelana
do petróleo, negociou nesta semana a compra de um carregamento de gasolina da Petrobras
para minimizar o desabastecimento do produto no país, que
enfrenta uma greve geral.
Carregado com 520 mil barris
(82 milhões de litros) de gasolina,
o navio Amazon Explorer deixou
o Brasil anteontem para Caracas,
onde deve chegar no domingo.
Apesar de não confirmar a interferência política, tanto o atual
governo como o eleito mostraram
disposição em ajudar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
O presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva enviou na semana
passada à Venezuela o secretário
municipal de Cultura de São Paulo, Marco Aurélio Garcia. Chávez
pediu ao petista a remessa de uma
carga de gasolina, o que gerou
protestos da oposição venezuelana. Deputados oposicionistas
chegaram a classificar a atitude de
Lula à de um "fura-greve".
Um indício de que houve interferência do governo brasileiro é a
eventualidade do carregamento.
Segundo a Petrobras, foi firmado
um contrato "spot" -no jargão
do petróleo, uma compra esporádica, sem contrato de fornecimento do produto a longo prazo.
Em nota de apenas um parágrafo, a Petrobras informou que a gasolina foi vendida "atendendo a
uma solicitação da companhia de
petróleo venezuelana PDVSA",
sem revelar o valor cobrado pelo
produto. Questionada se houve
pressão do governo brasileiro, a
Petrobras não quis se pronunciar.
Carregamentos spot, em geral,
têm um preço maior do que os
contratos firmados previamente.
Na maioria das vezes, segundo especialistas, seguem o preço internacional, sem descontos.
Na terça-feira, a gasolina no golfo Americano (geograficamente,
o golfo do México), referência
tanto para o Brasil como para a
Venezuela, estava cotada a US$
0,15 o litro, segundo a agência
Platt's. Se o negócio foi feito de
acordo com a cotação, a Petrobras
vendeu a carga por US$ 12,3 milhões. A PDVSA, que já perdeu
US$ 1,3 bilhão com a greve, não figura entre os clientes da Petrobras. Já a estatal brasileira compra, principalmente, óleo bruto
da Venezuela.
As duas companhias têm uma
relação de proximidade e de cooperação há alguns anos. O governo Chávez nunca escondeu a disposição de criar, em parceria com
a Petrobras, uma nova companhia mundial de petróleo para
atuar no mercado internacional.
Apesar de ainda importar 20%
do óleo que processa, a Petrobras
exporta gasolina. Até outubro,
vendeu ao exterior 15 milhões de
barris do combustível -ou quase
20% de sua produção de 82 milhões de barris até aquele mês.
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