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Dentista reclama dos "poderosos'
do enviado especial a Havana
Lara tem 33 anos e é bonita, apesar da expressão de cansaço. Formada em medicina e odontologia,
atende num posto perto de sua casa -o que é uma dádiva, pois não
precisa depender do transporte
público. Foi até há pouco tempo
defensora do regime, agora não
mais. É totalmente contra:
"O que a gente vê acontecer em
Cuba hoje é o seguinte: todo mundo trabalha, trabalha, trabalha, e
nada muda. Não há o que comer,
não há o que vestir. Só os poderosos do partido se dão bem. O povo
que se dane. Faz uma semana que
eu não posso atender ninguém. Sabe por quê? Só tem anestesia no
meu consultório. Mais nada: nem
algodão, nem álcool, nem cimento
cirúrgico. A criança vai lá com dor
de dente, ponho um curativozinho
e mando embora. Fazer o quê? E eu
não me iludo achando que vai mudar, porque não vai não. Eles não
vão deixar o poder assim de graça.
Há muitas mulheres sozinhas em
Cuba, porque seus homens ou foram embora ou fugiram para Miami. Eu era casada, meu marido fugiu de balsa para Miami e nunca
mais deu notícias. Ele é que está
certo: está longe disto aqui. Em
Cuba eles dão muita liberdade para a mulher que é para ela se virar
sozinha".
(LC)
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