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São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

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ARGENTINA

Disputa interna sobre a sucessão está na Justiça

Racha pode levar os peronistas a ter três candidatos à Presidência

MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

O maior partido da Argentina, o PJ (Partido Justicialista, peronista), está caminhando para a fragmentação. As brigas internas dos peronistas devem fazer com que o partido tenha três candidatos à Presidência.
Na semana passada, o presidente Eduardo Duhalde conseguiu reunir quórum em um congresso partidário para cancelar as eleições internas que decidiriam quem concorreria à Presidência pelo PJ. Duhalde impôs sua proposta: a de que vários candidatos possam representar o partido na eleição presidencial do dia 27 de abril. Foi um golpe contra o ex-presidente Carlos Menem (1989-99), pré-candidato à Presidência e inimigo político de Duhalde.
O ex-presidente prefere concorrer dentro do partido e enfrentar as urnas como o único candidato peronista. Os menemistas esperam agora que a Justiça frustre a estratégia de Duhalde. Na quinta-feira passada, um dia antes do congresso partidário, a juíza federal Maria Servini de Cubría ordenou que o PJ fizesse as internas.
Os duhaldistas ignoraram a decisão da juíza que, avaliam, é aliada de Menem. Ontem, os menemistas prometeram continuar recorrendo à Justiça e devem apresentar hoje recurso para anular as decisões do congresso realizado por Duhalde.
Os partidários do presidente tentam evitar uma extensa briga judicial que, avaliam, seria o último passo para um racha. O secretário-geral da Presidência, José Pampuro, tentava ontem apagar o incêndio.
"Acreditamos que a Justiça dificilmente possa resolver [a crise do partido] porque é [um problema] estritamente político", disse. Ele admitiu que o partido está hoje fraturado, mas insistiu que o partido encontraria uma solução política para a crise.
Os menemistas foram rápidos e rejeitaram a negociação política. O presidente do PJ, o menemista Rubén Marín, insiste na via judicial e apresenta hoje o recurso contra o congresso da semana passada.
Por enquanto, os três presidenciáveis peronistas -Néstor Kirchner, que é o candidato de Duhalde, e os ex-presidentes Menem e Adolfo Rodríguez Saá- continuam em campanha, disputando os 30% dos votos que, avaliam os analistas políticos argentinos, vão sempre para o candidato peronista, independentemente de quem seja.


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