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ARGENTINA
Disputa interna sobre a sucessão está na Justiça
Racha pode levar os peronistas a ter três candidatos à Presidência
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
O maior partido da Argentina, o
PJ (Partido Justicialista, peronista), está caminhando para a fragmentação. As brigas internas dos
peronistas devem fazer com que o
partido tenha três candidatos à
Presidência.
Na semana passada, o presidente Eduardo Duhalde conseguiu
reunir quórum em um congresso
partidário para cancelar as eleições internas que decidiriam
quem concorreria à Presidência
pelo PJ. Duhalde impôs sua proposta: a de que vários candidatos
possam representar o partido na
eleição presidencial do dia 27 de
abril. Foi um golpe contra o ex-presidente Carlos Menem (1989-99), pré-candidato à Presidência e
inimigo político de Duhalde.
O ex-presidente prefere concorrer dentro do partido e enfrentar
as urnas como o único candidato
peronista. Os menemistas esperam agora que a Justiça frustre a
estratégia de Duhalde. Na quinta-feira passada, um dia antes do
congresso partidário, a juíza federal Maria Servini de Cubría ordenou que o PJ fizesse as internas.
Os duhaldistas ignoraram a decisão da juíza que, avaliam, é aliada de Menem. Ontem, os menemistas prometeram continuar recorrendo à Justiça e devem apresentar hoje recurso para anular as
decisões do congresso realizado
por Duhalde.
Os partidários do presidente
tentam evitar uma extensa briga
judicial que, avaliam, seria o último passo para um racha. O secretário-geral da Presidência, José
Pampuro, tentava ontem apagar
o incêndio.
"Acreditamos que a Justiça dificilmente possa resolver [a crise do
partido] porque é [um problema]
estritamente político", disse. Ele
admitiu que o partido está hoje
fraturado, mas insistiu que o partido encontraria uma solução política para a crise.
Os menemistas foram rápidos e
rejeitaram a negociação política.
O presidente do PJ, o menemista
Rubén Marín, insiste na via judicial e apresenta hoje o recurso
contra o congresso da semana
passada.
Por enquanto, os três presidenciáveis peronistas -Néstor
Kirchner, que é o candidato de
Duhalde, e os ex-presidentes Menem e Adolfo Rodríguez Saá-
continuam em campanha, disputando os 30% dos votos que, avaliam os analistas políticos argentinos, vão sempre para o candidato
peronista, independentemente de
quem seja.
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