|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após 4 meses, Zelaya deixa embaixada brasileira
DO ENVIADO A TEGUCIGALPA
Depois de 128 dias como
"hóspede" do governo Lula e
sob forte cerco militar, o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya finalmente deixou
ontem a Embaixada do Brasil
em Honduras e viajou à República Dominicana.
A sua saída ocorreu por volta
das 15h locais (19h em Brasília),
quando o recém-empossado
presidente hondurenho, Porfirio Lobo, e seu colega dominicano, Leonel Fernández, chegaram à embaixada brasileira
com uma caravana de cerca de
15 veículos. Na semana passada, os dois firmaram acordo para viabilizar a saída de Zelaya.
"Tudo foi muito cordial e respeitoso. Zelaya e Lobo chegaram a conversar por alguns instantes. Ele também deixou
uma carta de agradecimento ao
presidente Lula", disse, por telefone, o encarregado de negócios Francisco Catunda, que estava na embaixada.
A caravana deixou a representação em alta velocidade rumo ao aeroporto, onde algumas
centenas de simpatizantes de
Zelaya o esperavam. Às 15h30
locais, o avião do governo dominicano decolou com o ex-presidente, a sua mulher, Xiomara, e o assessor Rasel Tomé.
"Voltaremos", gritou Zelaya
aos jornalistas já no aeroporto.
"É um momento de muitos
sentimentos encontrados. Por
uma parte, de alegria por poder
sair desse claustro e pela resistência que mantivemos na embaixada, mas também é o sentimento de ver o povo que vem
dar adeus e também até logo ao
presidente Zelaya", disse Xiomara à local rádio Globo.
O exílio de Zelaya começa no
mesmo dia em que acabaria seu
mandato de quatro anos, interrompido em 28 de junho, quando foi deposto e deportado.
O presidente deposto estava
na embaixada brasileira desde
o dia 21 de setembro, quando
regressou clandestinamente a
Honduras, após duas tentativas
frustradas -a primeira delas,
ironicamente, tentando aterrissar no mesmo aeroporto de
onde partiu ontem.
A sua volta forçou o governo
interino a negociar a possibilidade de retorno ao poder, mas
Zelaya acabou fracassando.
Durante o tempo em que ele
esteve na embaixada, o governo
interino isolou quase completamente o prédio da representação, provocando uma condenação do Conselho de Segurança da ONU, sem efeito prático.
Logo após a saída de Zelaya, o
governo Lobo levantou o cerco
ao local, que voltará a funcionar
na segunda-feira.
(FM)
Texto Anterior: Análise: Fim da crise pega Brasil sem ter o que dizer Próximo Texto: Em meio a protestos, Chávez nomeia vice Índice
|