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Cabul busca integrar Taleban a governo
Plano do presidente Hamid Karzai será anunciado formalmente em conferência sobre o Afeganistão hoje em Londres
Ideia já recebeu apoio de EUA, ONU e países vizinhos; Taleban postou na internet mensagem de rechaço à proposta de reconciliação
DA REDAÇÃO
O Afeganistão se prepara para convencer o Ocidente hoje,
em conferência sobre o país em
Londres, a apoiar um grande
plano de conciliação com o Taleban, que inclui não só subornos mas também a retirada dos
nomes de alguns líderes extremistas da lista de sanções da
ONU e seu retorno à estrutura
do governo nacional.
O plano recebeu nos últimos
dias apoio dos EUA, da ONU e
de países vizinhos ao Afeganistão, como Irã e Paquistão.
O presidente afegão, Hamid
Karzai, disse ver mais "boa vontade" geral atualmente para
considerar esse caminho, apesar da contínua resistência de
alguns países após nove anos de
luta contra os radicais.
Ele deverá anunciar a organização de uma grande "jirga"
(conselho) no Afeganistão para
discutir a reaproximação com o
grupo extremista. Há expectativa também da criação de um
fundo de até US$ 1 bilhão para a
reintegração.
A ideia tem duas vertentes
-reintegração de 20 mil a 30
mil guerrilheiros por meio de
anistia e geração de empregos e
o retorno de líderes (em sua
maioria no Paquistão) ao governo afegão, desde que obedeçam à Constituição.
Karzai deverá sofrer pressões por detalhamento da estratégia durante a conferência
de hoje. Diplomatas europeus
afirmam que uma reaproximação com a liderança do Taleban
deve ser marcada por condições duras, incluindo a renúncia de vínculos com a Al Qaeda
e da repressão às mulheres.
"Se há uma pergunta para
Karzai nesta conferência é onde ele coloca o limite para a reconciliação", disse um diplomata europeu. Para outro diplomata, a preocupação é com a
chance de reconciliação com o
mulá Omar, líder do regime do
Taleban antes de 2001. "Ele foi
acusado como coconspirador
do 11 de Setembro, e há uma recompensa de US$ 25 milhões
por sua cabeça. Reconciliação
com ele não é algo confortável."
Momento delicado
O enviado dos EUA ao Afeganistão e ao Paquistão, Richard
Holbrooke, disse ontem que o
fim de sanções contra alguns líderes do Taleban "já está atrasado". Ele apoiou o plano de
Karzai, assim como o general
Stanley McChrystal, comandante da Otan no Afeganistão.
Mas o apoio chega após o pior
ano na batalha da Otan contra o
Taleban, com um recorde de
cerca de 520 mortes em combate. E há pouco que indique
que uma estratégia de conciliação, que já fracassou em regiões
do Paquistão, dará certo agora.
Há o temor de que o Taleban
considere a oferta uma prova
de que está vencendo a batalha
e de que a retomada total do poder em Cabul está próxima.
Há a chance de que extremistas aceitem os subornos e mesmo assim mantenham a luta.
E há o risco de que a oferta
seja simplesmente rejeitada. Já
estava postado em sites ligados
ao Taleban ontem um comunicado do grupo dizendo que seus
membros não serão convencidos por incentivos financeiros,
pois sua luta não é motivada
por "dinheiro, terra ou posição"
e sim pelo islã e pelo fim da presença estrangeira no país.
Ainda ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
afirmou que irá apontar o sueco Staffan de Mistura como
próximo enviado especial ao
Afeganistão. Ele substituirá o
norueguês Kai Eide, que teve o
mandato manchado por acusações de ignorar intencionalmente provas de fraude na eleição que reelegeu Karzai em
2009. De Mistura é atualmente
funcionário sênior do programa da ONU contra a fome e ex-enviado especial ao Iraque.
Com agências internacionais e o "Financial Times"
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