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Sri Lanka reelege algoz de guerrilha
Mahinda Rajapaksa, artífice da derrota do separatista Tigres Tâmeis após 26 anos, obtém 57% dos votos
Derrotado, ex-chefe militar que liderou a ofensiva vê uso de máquina estatal pelo presidente e não reconhece resultado oficial de pleito
DA REDAÇÃO
O presidente do Sri Lanka,
Mahinda Rajapaksa, obteve um
novo mandato de cinco anos
com 57% dos votos, anunciou
ontem a comissão eleitoral. O
pleito foi o primeiro após o fim
da guerra civil de 26 anos que
opôs o governo central à guerrilha separatista Tigres Tâmeis.
O resultado foi, contudo, rejeitado pelo candidato derrotado, Sarath Fonseka, ex-chefe
militar que liderou ao lado do
presidente a ofensiva que derrotou o grupo, no ano passado.
Fonseka, que alegou uso da máquina do Estado por Rajapaksa,
obteve cerca de 40% dos votos.
"De hoje em diante, sou presidente de todos, tenham votado em mim ou não", disse Rajapaksa no primeiro pronunciamento após a divulgação do resultado do pleito de anteontem.
O anúncio motivou apoiadores
a saír à ruas da capital, Colombo, com bandeiras, fotos de Rajapaksa e fogos de artifício.
O presidente cingalês, que se
elegera há cinco anos prometendo derrotar o Tigres Tâmeis, apontou como prioridades do seu novo mandato a reconstrução do país, cujos recursos foram durante quase
três décadas drenados para o
combate ao grupo separatista.
Rajapaksa terá, no entanto,
que lidar com estagnação econômica, um crescente custo de
vida e, sobretudo, com o conflito étnico latente que divide o
país entre cingaleses (74% da
população) e tâmeis (18%).
A guerra civil teve início em
1983, poucos anos depois da
aprovação de uma Constituição
com privilégios à maioria cingalesa. No auge do conflito, a
guerrilha separatista chegou a
controlar uma área de 65 mil
km2 na região nordeste da ilha.
Após anos impondo recuos
ao grupo, o Exército deu início
no ano passado à "ofensiva final", que recuperou a totalidade do território antes controlado pelo Tigres Tâmeis e matou
seus líderes. O número total de
mortos na guerra é estimado
em até 100 mil -de uma população de 21 milhões no país.
Cerco militar
Durante o dia, o Exército cingalês chegou a cercar o hotel
em Colombo em que Fonseka
se encontrava, gerando temores de que militares fiéis ao ex-chefe resistissem ao seu lado.
Mas mais tarde Fonseka deixou
o local e se dirigiu à sua casa.
Fonseka deixou a chefia das
Forças Armadas apenas meses
depois de liderar a parte militar
da "ofensiva final" aos Tigres
Tâmeis e se uniu à oposição para concorrer contra Rajapaksa
-um linha-dura cuja eleição
em 2005 havia sido creditada
em grande parte à intransigência da guerrilha para negociar.
Durante a campanha, Fonseka tentou capitalizar parte da
popularidade gerada pela derrota do grupo e acenou à minoria tâmil prometendo trabalhar
para integrá-la depois de décadas de marginalização.
Sua estratégia foi, no entanto, prejudicada por incidentes
violentos ocorridos em seções
predominantemente tâmeis no
dia da eleição, comprometendo
o comparecimento -que chegou a 80% nas demais regiões.
Segundo Fonseka, o governo
impediu o deslocamento de tâmeis, usou a mídia estatal para
atacá-lo e alocou verba pública
à campanha. As acusações foram em parte endossadas pelo
chefe da comissão eleitoral, que
anunciou a sua saída do cargo.
Com agências internacionais
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