São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

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COLÔMBIA

Durante encontro na Casa Branca, Pastrana pede aos EUA acordo comercial, que ajudaria no combate à guerra civil

Bush recusa convite para diálogo com Farc

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Colômbia, Andrés Pastrana, se encontrou ontem pela primeira vez com o novo presidente dos EUA, George W. Bush, em Washington, e pediu uma abertura comercial para auxiliar economicamente o país a combater o narcotráfico e acabar com as quase quatro décadas de guerra civil.
Os EUA são os principais financiadores do Plano Colômbia de combate ao narcotráfico, que começou a ser implementado no final do ano passado. A ajuda norte-americana chega a US$ 1,3 bilhão.
Bush recusou o convite, feito por Pastrana, para que os EUA participassem de uma reunião de negociação de paz com os guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, marxista), programada para o dia 8 de março.
"Estamos muito interessados na paz na Colômbia e ajudaremos o governo do presidente Pastrana em tudo o que for possível, mas não poderemos ir a essa reunião", afirmou Bush em uma entrevista na Casa Branca após receber o presidente colombiano. "A paz é algo que deve ser discutida entre eles", afirmou.
Pastrana, o segundo presidente latino-americano a encontrar Bush em menos de duas semanas (o primeiro foi o mexicano Vicente Fox), esperava que os EUA revissem sua posição de não dialogar com os rebeldes.
O governo dos EUA, que chegou a realizar contatos com as Farc em 1998, vem se recusando a dialogar com o grupo desde 1999, quando três norte-americanos foram assassinados pela guerrilha.
As negociações do governo colombiano com os rebeldes das Farc foram retomadas neste mês após mais de dois meses de congelamento.
Bush e Pastrana estiveram reunidos por cerca de uma hora no Salão Oval da Casa Branca.
Bush elogiou a "valentia" de Pastrana em enfrentar os problemas da Colômbia e agradeceu os esforços realizados pelo país para frear a produção e o tráfico de drogas. O presidente norte-americano reconheceu que a demanda por drogas nos EUA é uma parte importante do problema, afirmando: "É por isso que temos que trabalhar juntos".
Bush disse também que Pastrana lhe apresentou uma "forte argumentação" em favor da ampliação do Acordo de Preferências Comerciais Andino, em vigor há dez anos, e que inclui Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.
A intenção de Pastrana é que a Colômbia receba as mesmas reduções tarifárias concedidas a países da América Central e do Caribe no ano passado.
O acordo andino não oferece benefícios a setores importantes da economia colombiana, como o setor têxtil.
O governo colombiano afirma que um acordo de preferências comerciais ajudaria o país a mudar o quadro de recessão econômica que vem enfrentando, alegando que somente resolvendo os problemas econômicos e sociais teria como encerrar a guerra civil e combater o narcotráfico.

Café
Pastrana também solicitou aos EUA a reativação do Acordo Internacional do Café -um acordo entre produtores e consumidores para manter estáveis os preços do produto-, mas funcionários do governo colombiano se disseram pessimistas sobre a possibilidade de Bush aprová-lo.
O ministro das Finanças da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse, numa entrevista à rádio colombiana Caracol, de Washington, que não nutria ilusões sobre o acordo, mas que era a obrigação do governo do país colocar a questão na mesa no encontro.
O acordo foi rompido em 1989 por pressão dos EUA, que desejavam uma maior liberdade para os mercados. A Colômbia é o segundo maior produtor latino-americano de café, atrás do Brasil.



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