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IRAQUE NA MIRA
Para Rumsfeld, Iraque mostra mais uma vez que só age sob pressão; Blix diz que inspeção teve "resultado limitado"
Iraque diz à ONU que destruirá mísseis
DA REDAÇÃO
O Iraque enviou ontem uma
carta à ONU concordando "em
princípio" com a destruição de
seus mísseis Al Samoud 2, segundo informou a agência Associated
Press, que teve acesso ao documento. A carta vem em resposta à
exigência feita pelo chefe dos inspetores de armas, o sueco Hans
Blix, que havia dado prazo até
amanhã para que Bagdá começasse a se livrar dos mísseis.
A carta pede a Blix que envie
uma equipe técnica para discutir
"as condições e o prazo" para que
sua ordem seja cumprida. O vice
de Blix já está em Bagdá para verificar a destruição.
O alcance do Al Samoud 2 excede o limite de 150 km permitido
pela ONU. Ao cooperar com Blix,
o país privaria os EUA de uma
justificativa para lançar ofensiva.
Entretanto o secretário de Estado americano, Colin Powell, disse
ontem que o tema dos mísseis não
deve alterar a posição americana.
Segundo ele, Bagdá já deveria tê-los destruído "há muito tempo".
Ao comentar o envio da carta, o
secretário de Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, disse não ver
"uma mudança de atitude". Segundo ele, o Iraque "se nega a
cooperar, deixa passar o tempo",
mas "quando a pressão aumenta,
diz "bem, talvez o façamos'".
Blix disse nos últimos dias que a
destruição dos mísseis seria um
teste fundamental para verificar
se o Iraque está realmente comprometido em cooperar com a
ONU. Num relatório provisório
que deve ser entregue no fim de
semana ao Conselho de Segurança (CS) da ONU, Blix deverá dizer
que, até agora, as inspeções tiveram "resultados limitados".
Mas, como em outras ocasiões,
Blix evitará condenar Bagdá totalmente. Ele dirá que o país aumentou as suas atividades de cooperação com os inspetores no último
mês. No documento, Blix observará que Bagdá poderia ter se esforçado mais para mostrar suas
armas proibidas e para apresentar
provas contundentes de que algumas delas já foram destruídas.
O diplomata sustentará ainda
ser "difícil de compreender" por
que os iraquianos não adotaram
as medidas exigidas pela ONU antes. "Se elas tivessem sido tomadas antes, já teriam trazido resultados." O Iraque, na visão de Blix,
só começou a adotar medidas capazes de ajudar em seu desarmamento em meados de janeiro. Resolução do CS de novembro já
exigia cooperação total.
O tom desse relatório sobre os
três meses de trabalho de inspeções poderá servir de munição
para os EUA e o Reino Unido, que
desejam atacar o Iraque justificando que o ditador Saddam
Hussein não aceita se desarmar.
Blix costuma afirmar que não
caberá a ele decidir se haverá ou
não guerra -a seu ver, tal iniciativa é resultado de negociações
políticas no CS.
Turquia
A Turquia adiou um debate parlamentar previsto para ontem sobre a concessão aos EUA do uso
de seu território em caso de uma
ação militar contra o Iraque. A
medida foi adotada em meio a indícios de que o partido governista
turco teria dificuldades para conquistar o apoio necessário para
aprovar a moção no Legislativo.
Autoridades do país disseram
que o tema será levado a votação
amanhã. Um porta-voz do presidente Ahmet Necdet Sezer disse
que, para autorizar uma operação
com forças americanas, o Parlamento turco teria de avaliar se essa ação conta com "legitimidade
internacional".
Muitos políticos utilizam esse
argumento em defesa de um adiamento da votação até que a ONU
adote uma resolução autorizando
claramente o uso da força.
O assunto vem se arrastando há
semanas, com os EUA pressionando Ancara a abrir seu território para suas tropas, enquanto os
turcos -aliados de Washington
na Otan- tentam obter em troca
um pacote de ajuda financeira.
Com agências internacionais
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