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IMPRENSA
Em livro, Jayson Blair revela que escrevia drogado
"Menti, menti e menti", diz pivô de escândalo no "New York Times"
DE NOVA YORK
A imprensa americana divulgou ontem trechos do livro do ex-repórter Jayson Blair, pivô de um
escândalo de fraude jornalística
que abalou o "New York Times",
o jornal mais prestigioso dos
EUA, no ano passado.
Com o título "Burning Down
My Masters" House: My Life at
The New York Times" (queimando a casa dos meus mestres: minha vida no "New York Times"),
Blair faz revelações sobre seu cotidiano na Redação do "Times"
-admite até que trabalhou sob
efeito de drogas e álcool.
"Eu começava as minhas manhãs com um copo de uísque e
terminava o dia com o copo ao
meu lado", diz no livro, que deve
ser lançado em 6 de março. "Não
estava pronto para abandonar a
cocaína. Apesar de tudo, minhas
melhores reportagens foram escritas à base de drogas".
O jornalista detonou um dos
maiores escândalos da imprensa
americana com a revelação de que
muitas de suas reportagens no
jornal haviam sido inventadas ou
plagiadas. No livro, Blair não faz
segredo de suas fraudes.
"Eu menti, menti e menti um
pouco mais. Eu menti sobre onde
estive, eu menti sobre onde obtive
informações, eu menti sobre como escrevi reportagens. Eu menti
sobre um vôo que jamais peguei,
sobre dormir num carro que nunca aluguei (...). Eu menti sobre um
cara que me ajudou num posto de
gasolina e sobre estradas de ferro
que eu só sabia da existência por
meio de fotos aéreas de meu arquivo pessoal."
Em maio de 2003, o "Times"
publicou quatro páginas com correções sobre reportagens de Blair.
O escândalo causou a saída do
editor-executivo do jornal, Howell Raines, e de seu braço direito,
Gerald Boyd. Além disso, o jornal
criou o cargo de ombudsman.
No livro, Blair narra também
que tentou se enforcar com um
cinto na véspera da sua saída do
"New York Times", mas desistiu
ao lembrar que conseguia se manter sóbrio havia mais de um ano e
ao "encontrar o amor" com uma
colega de trabalho.
O livro revela detalhes sobre como Blair conseguiu ludibriar os
editores do jornal e faz críticas a
vários jornalistas do "Times". O
editor-executivo do jornal, Bill
Keller, minimizou a repercussão
do livro. "O autor é um enganador confesso."
(CÍNTIA CARDOSO)
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