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Israel relaxa, mas mantém estado de alerta
MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE TEL AVIV
O apartamento de Mordechai
Issacharov, 45, foi destruído por
um míssil Scud lançado pelo Iraque contra Tel Aviv na Guerra do
Golfo de 1991. No momento do
impacto ele estava com a mulher e
três filhos em um quarto vedado,
todos cobertos por uma manta.
Não sofreram ferimentos.
Agora, uma semana depois do
início da invasão do Iraque ele
não está seguindo as instruções
do governo de levar a máscara para todos os lugares.
"Saddam não vai atacar Israel
agora", disse, à frente de um adesivo com a frase "Não dá para
confiar em ninguém, somente em
nosso pai que está nos céus".
A história de Issacharov ilustra
o sentimento em Israel de que o
perigo de um ataque iraquiano está diminuindo. As informações
sobre o domínio do oeste iraquiano por tropas ocidentais - região
de onde poderiam partir mísseis
contra Israel - parecem ter acalmado o país, que em 91 foi atingido por 39 mísseis Scud.
O movimento no centro de Tel
Aviv parecia normal na tarde de
quarta-feira. Somente mães com
filhos pequenos, velhos e trabalhadores estrangeiros levavam sacolas de plástico com as caixas de
papelão que contêm o kit de proteção formado pela máscara, seu
filtro e seu canudo de borracha,
uma injeção de atropina e um folheto explicativo.
Mas ninguém parecia muito
preocupados. "Essa história de
vedar um cômodo e andar com a
máscara para cima e para baixo é
enganação do governo. Saddam
não tem como mandar mísseis
para cá", disse Tomer Asis, 28, dono de um estúdio de tatuagens.
Mas há quem prefira não assumir riscos e continue seguindo as
determinações do governo israelense à risca.
É o caso do motorista de táxi
Yossi Zinger, 48, para quem todo
cuidado é pouco.
Para ele, o risco de sofrer um
ataque de Saddam Hussein ainda
não terminou e é melhor sair de
casa protegido do que deixar o kit
contra armas químicas e biológicas em casa. "Esse louco do Saddam ainda pode fazer surpresas.
Ele poderá mandar mísseis químicos, biológicos, qualquer coisa
que tiver em mãos", disse o motorista, demonstrando toda sua
preocupação.
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