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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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Israel relaxa, mas mantém estado de alerta

MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE TEL AVIV

O apartamento de Mordechai Issacharov, 45, foi destruído por um míssil Scud lançado pelo Iraque contra Tel Aviv na Guerra do Golfo de 1991. No momento do impacto ele estava com a mulher e três filhos em um quarto vedado, todos cobertos por uma manta. Não sofreram ferimentos.
Agora, uma semana depois do início da invasão do Iraque ele não está seguindo as instruções do governo de levar a máscara para todos os lugares.
"Saddam não vai atacar Israel agora", disse, à frente de um adesivo com a frase "Não dá para confiar em ninguém, somente em nosso pai que está nos céus".
A história de Issacharov ilustra o sentimento em Israel de que o perigo de um ataque iraquiano está diminuindo. As informações sobre o domínio do oeste iraquiano por tropas ocidentais - região de onde poderiam partir mísseis contra Israel - parecem ter acalmado o país, que em 91 foi atingido por 39 mísseis Scud.
O movimento no centro de Tel Aviv parecia normal na tarde de quarta-feira. Somente mães com filhos pequenos, velhos e trabalhadores estrangeiros levavam sacolas de plástico com as caixas de papelão que contêm o kit de proteção formado pela máscara, seu filtro e seu canudo de borracha, uma injeção de atropina e um folheto explicativo.
Mas ninguém parecia muito preocupados. "Essa história de vedar um cômodo e andar com a máscara para cima e para baixo é enganação do governo. Saddam não tem como mandar mísseis para cá", disse Tomer Asis, 28, dono de um estúdio de tatuagens.
Mas há quem prefira não assumir riscos e continue seguindo as determinações do governo israelense à risca.
É o caso do motorista de táxi Yossi Zinger, 48, para quem todo cuidado é pouco.
Para ele, o risco de sofrer um ataque de Saddam Hussein ainda não terminou e é melhor sair de casa protegido do que deixar o kit contra armas químicas e biológicas em casa. "Esse louco do Saddam ainda pode fazer surpresas. Ele poderá mandar mísseis químicos, biológicos, qualquer coisa que tiver em mãos", disse o motorista, demonstrando toda sua preocupação.


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