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CRÍTICAS AFRICANAS
Presidente da África do Sul recomenda que Bill Clinton procure diálogo com Cuba, Líbia e Irã
Mandela repreende diplomacia dos EUA
das agências internacionais
O presidente da África do Sul,
Nelson Mandela, criticou a diplomacia americana e afirmou que
seu país não vai abandonar suas
alianças com Cuba, Líbia e Irã,
países que os EUA tentam isolar.
"Não devemos abandonar aqueles que nos ajudaram nas horas
mais difíceis", afirmou ele. Os três
países apoiaram a organização política liderada por Mandela, o
Congresso Nacional Africano, durante a luta pelo fim do apartheid.
Mandela lembrou que o presidente de Cuba, Fidel Castro, foi o
primeiro chefe de Estado que ele
recebeu como presidente e referiu-se ao líder da Líbia, Muammar
Gaddafi, como "irmão Gaddafi".
Mandela conseguiu usar a seu
favor a admiração norte-americana pelo chamado "milagre" da
África do Sul, o fato de a transição
no país ter ocorrido sem violência.
Ele disse a Clinton que a melhor
maneira de resolver as diferenças
com seus inimigos é "sentar e falar
de paz", como ele fez com os dirigentes brancos para negociar o
fim do apartheid, o regime de segregação racial encerrado com sua
ascensão à Presidência, em 1994.
"Não tenho dúvida de que o papel dos EUA de liderança mundial
seria tremendamente ressaltado."
Os EUA adotam sanções econômicas contra Cuba, Líbia e Irã e
pressionam outros países para que
façam o mesmo. Clinton não respondeu às declarações de Mandela, feitas em entrevista coletiva.
Seu assessor para Segurança Nacional, Sandy Berger, disse que,
assim como as da África do Sul, as
relações dos EUA com os três países se baseiam em "princípios".
Mandela também criticou a proposta norte-americana de substituir a ajuda econômica dada aos
países africanos pelo incremento
do intercâmbio comercial.
"Este é um assunto sobre o qual
temos sérias reservas. Para nós, isso não é aceitável", disse Mandela.
Está em debate no Congresso
dos EUA um projeto que cria facilidades para a entrada de companhias norte-americanas na África.
Segundo Clinton, o projeto tem
o potencial de gerar empregos e
aumentar o acesso de companhias
africanas à economia dos EUA.
Para Mandela, a lei deixará as empresas africanas em desvantagem.
A defesa de um novo modelo de
relacionamento com a África tem
sido o principal mote da visita de
12 dias que Clinton faz ao continente. Ele já visitou Gana, Uganda
e Ruanda. Depois da África do Sul,
segue para Botsuana e Senegal.
Apesar das críticas, o clima entre
os dois líderes permaneceu amistoso. Mandela disse que a visita de
Clinton era "um dos momentos de
maior orgulho" para a África do
Sul e descreveu as relações com os
EUA como fortes e amigáveis.
Clinton, por sua vez, disse que
Mandela protagonizou "uma das
histórias verdadeiramente heróicas do século 20". Após a entrevista, os dois seguiram para a ilha de
Robben, onde Mandela passou 18
dos 27 anos em que esteve detido.
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