|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUEM DEVE SER ALEMÃO?
Parlamento rejeita projeto de lei que daria a nacionalidade alemã a filhos de imigrantes
Alemanha veta cidadania a imigrantes
das agências internacionais
A câmara baixa do Parlamento
alemão, equivalente à Câmara dos
Deputados no Brasil, rejeitou ontem uma moção que concedia a
nacionalidade alemã a descendentes de imigrantes nascidos em solo
alemão em terceira geração.
Há dez anos, os parlamentares
vêm debatendo a possibilidade de
modernizar a Lei da Cidadania,
que foi criada por meio de uma decisão imperial em 1913.
Segundo a lei atual, a nacionalidade é dada pelo sangue, e não pelo local do nascimento. Ou seja, só
filhos de alemães têm direito à nacionalidade alemã. Pessoas de origem estrangeira nascidas em solo
alemão não têm esse direito, mesmo que seus pais, ou mesmo avós,
vivam no país há vários anos.
A proposta rejeitada ontem estabelecia que os filhos de estrangeiros passariam a ter nacionalidade
alemã desde que pelo menos um
de seus pais fosse nascido no país.
A modificação havia sido proposta pela câmara alta do Parlamento, o equivalente ao Senado,
integrada por representantes indicados pelos 16 governos estaduais
e onde o Partido Social Democrata
(SPD) tem maioria.
A votação de ontem quase rachou a coalizão de três partidos liderada pela União Democrata
Cristã, do chanceler (premiê) Helmut Kohl, porque o Partido Liberal Democrata, minoritário na
aliança, era favorável à mudança.
Mas, para evitar mais uma derrota de Kohl a poucos meses das
eleições gerais de setembro próximo, os liberais decidiram apoiar o
partido do chanceler, contrário à
proposta.
Após intensa discussão, a proposta social-democrata foi derrotada por 338 votos contrários, 317
a favor e 3 abstenções.
Existem cerca de 7 milhões de estrangeiros na Alemanha, incluindo pessoas que foram trabalhar no
país e suas famílias, refugiados políticos e habitantes do Leste Europeu que emigraram para o país
com o fim do comunismo.
Durante os anos 50 e 60, época
em que a Alemanha viveu um
boom econômico, milhares de
pessoas da Turquia, Iugoslávia,
Itália e Grécia foram trabalhar no
país, estimuladas pelo governo
alemão e pela iniciativa privada.
Algumas décadas depois, seus
descendentes ainda não tem nacionalidade e não podem votar,
motivo de descontentamento.
Kohl, que está no poder desde
82, já anunciou que pretende disputar um quinto mandato em setembro, mas enfrenta queda de
popularidade, devido principalmente à taxa de desemprego de
cerca de 13%.
Para o eleitorado mais conservador, os imigrantes "roubam" empregos dos alemães.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|