|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"O mundo mudou", diz Fox ao justificar americanismo explícito
TIM WEINER
DO "THE NEW YORK TIMES",
NA CIDADE DO MÉXICO
Em 18 meses de mandato, o presidente Vicente Fox deu nova direção à política do México, caindo
abertamente nos braços dos EUA.
A revolução mexicana já tem 92
anos, e Fox aposentou seus cavalos de guerra. O antiamericanismo de aparências, sustentado por
sete décadas pelo antigo partido
dominante, desapareceu. A bandeira da solidariedade latino-americana contra o imperialismo
ianque foi enrolada.
Em seu lugar entrou a busca por
livro comércio, investimento externo e agora, pela primeira vez,
direitos humanos. As críticas incomuns do México ao seu velho
amigo Fidel Castro nos últimos
dias são os mais novos sinais de
uma revolução cultural.
"O mundo mudou", disse Fox
na quarta-feira. "Nós mudamos
-de maneira radical, eu diria -a
política externa mexicana." E o
fez, acrescentou, "apesar de muita
resistência".
A oposição de direita e esquerda
pergunta agora o que Fox tem a
mostrar aos mexicanos além de
promessas agradáveis vindas do
presidente dos EUA, George W.
Bush. Seus críticos mais ferozes o
acusam de transformar o México
numa república das bananas do
século 21, a serviço dos EUA.
"Não parece que ele esteja promovendo os interesses do México", disse Jorge Chávez Presa, um
dos líderes no Congresso do ex-governista Partido Revolucionário Institucional (PRI). "Queremos cumprir um papel no mundo, mas não sei se isso significar
aceitar ordens dos EUA."
Presidentes mexicanos do passado fingiam manter distância de
seu vizinho ao norte. Aproximaram-se bem mais, porém, desde o
início dos anos 80. Carlos Salinas
passou a maior parte de seus seis
anos no poder lutando pela aprovação, em 1994, do Nafta (Acordo
de Livre Comércio da América do
Norte) com os EUA. Em 1995,
quando a economia do México
ruiu, o presidente Ernesto Zedillo
foi resgatado por Washington.
"Salinas ganhou o Nafta, Zedillo
ganhou US$ 40 bilhões, mas Fox
não ganhou nada do governo
Bush", disse Arturo Valenzuela,
assessor para assuntos de América Latina da administração Clinton.
Embora seja bem-visto pelos
outros líderes latino-americanos
e as pesquisas mostrem que a
maioria dos mexicanos ainda o
apóia, os cidadãos de alta escolaridade que ajudaram a elegê-lo reclamam que Fox tem ganhando
pouco retorno em troca do grande investimento feito em políticas
e práticas comerciais favoráveis
aos americanos.
O chanceler mexicano, Jorge
Castañeda, rebate as críticas afirmando: "Nossas pesquisas, pesquisas da oposição, todas elas
mostram que a opinião pública
do México apóia em massa a política externa do presidente Fox".
Texto Anterior: Venezuela: Bush falha em seu primeiro teste na AL Próximo Texto: Terrorismo: Palestino mata quatro em colônia judaica Índice
|