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Annan admite que ONU não pode parar guerras
DE NOVA YORK
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse ontem não acreditar que sua entidade tenha poder
para evitar guerras.
Ele havia sido questionado sobre qual era sua reação aos comentários sobre o enfraquecimento das Nações Unidas antes e
depois do conflito no Iraque, já
que os EUA atacaram o país sem
aval do Conselho de Segurança.
Respondeu assim: "Você está
considerando, como outros consideraram, que a ONU deveria ter
sido capaz de parar a guerra. Não
estava dentro da capacidade da
ONU fazer isso".
Annan argumentou que isso,
em sua opinião, não representa
que a entidade não se preocupe
com o assunto. "O Conselho e as
Nações Unidas fizeram antes da
guerra o que eles tinham de fazer.
O fato de a guerra ter ocorrido
sem a aprovação do Conselho não
significa que o Conselho não fez
seu trabalho", disse.
Por outro lado, o secretário-geral da ONU admitiu que as cicatrizes deixadas pela falta de acordo
entre os países do CS antes da
guerra não serão apagadas tão cedo -nem mesmo com a aprovação, na semana passada, por 14 votos a 0, da resolução que permite a reconstrução do Iraque.
"Houve divisões, e não podemos ignorar isso. Essas divisões e
esses assuntos -posições de
princípios que governos e indivíduos tomaram- são uma questão gravada. Não creio que a resolução que o Conselho adotou na
semana passada vá mudar a história do passado recente."
O brasileiro Sérgio Vieira de
Mello indicou que o trabalho da
ONU agora é evitar que o racha de
antes da guerra siga causando
problemas agora. "Espero que o
imbróglio dessa guerra passada
não venha a envenenar o nosso
trabalho no Iraque", disse ele.
Ainda assim, o diplomata tocou
num dos pontos que continuam
sendo alvo de controvérsia no
Conselho de Segurança: a permissão para que os inspetores de armas da ONU voltem ao Iraque.
Ele disse esperar que o órgão reconsidere o mandato deles "o
mais rápido possível". A tarefa é
apontada pela resolução aprovada na última quinta-feira, que, no
entanto, não estabelece prazo para que seja cumprida.
(RD)
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