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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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Annan admite que ONU não pode parar guerras

DE NOVA YORK

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse ontem não acreditar que sua entidade tenha poder para evitar guerras.
Ele havia sido questionado sobre qual era sua reação aos comentários sobre o enfraquecimento das Nações Unidas antes e depois do conflito no Iraque, já que os EUA atacaram o país sem aval do Conselho de Segurança.
Respondeu assim: "Você está considerando, como outros consideraram, que a ONU deveria ter sido capaz de parar a guerra. Não estava dentro da capacidade da ONU fazer isso".
Annan argumentou que isso, em sua opinião, não representa que a entidade não se preocupe com o assunto. "O Conselho e as Nações Unidas fizeram antes da guerra o que eles tinham de fazer. O fato de a guerra ter ocorrido sem a aprovação do Conselho não significa que o Conselho não fez seu trabalho", disse.
Por outro lado, o secretário-geral da ONU admitiu que as cicatrizes deixadas pela falta de acordo entre os países do CS antes da guerra não serão apagadas tão cedo -nem mesmo com a aprovação, na semana passada, por 14 votos a 0, da resolução que permite a reconstrução do Iraque.
"Houve divisões, e não podemos ignorar isso. Essas divisões e esses assuntos -posições de princípios que governos e indivíduos tomaram- são uma questão gravada. Não creio que a resolução que o Conselho adotou na semana passada vá mudar a história do passado recente."
O brasileiro Sérgio Vieira de Mello indicou que o trabalho da ONU agora é evitar que o racha de antes da guerra siga causando problemas agora. "Espero que o imbróglio dessa guerra passada não venha a envenenar o nosso trabalho no Iraque", disse ele.
Ainda assim, o diplomata tocou num dos pontos que continuam sendo alvo de controvérsia no Conselho de Segurança: a permissão para que os inspetores de armas da ONU voltem ao Iraque.
Ele disse esperar que o órgão reconsidere o mandato deles "o mais rápido possível". A tarefa é apontada pela resolução aprovada na última quinta-feira, que, no entanto, não estabelece prazo para que seja cumprida. (RD)


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