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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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IRÃ NA MIRA

País volta a acusar o país de abrigar líderes da Al Qaeda e de buscar armas nucleares; Teerã nega acusações

EUA vêem colaboração "insuficiente" do Irã

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Os Estados Unidos voltaram ontem a acusar o Irã de abrigar líderes da rede terrorista Al Qaeda e de desenvolver um programa de armas nucleares. A Casa Branca afirmou que os iranianos estão respondendo "insuficientemente" às demandas americanas na questão do terrorismo.
Um dia antes, Teerã havia anunciado a prisão de supostos membros da Al Qaeda. Os americanos julgam, no entanto, que o governo iraniano está fazendo um "jogo de cena" no caso.
Os EUA acreditam que o Irã sabia que a Al Qaeda estava infiltrada no país e que preparava os ataques cometidos na Arábia Saudita que mataram 34 pessoas no último dia 21. Entre as vítimas, havia oito americanos.
Ontem pela manhã, os secretários da Defesa, Donald Rumsfeld, de Estado, Colin Powell, e a assessora de Segurança Nacional, Condollezza Rice, fizeram uma reunião de emergência para discutir medidas a serem tomadas contra o governo iraniano.
A estratégia americana é aproveitar o impacto da vitória militar no Iraque para pressionar uma colaboração maior de Teerã na questão do terrorismo.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, negou que os EUA estejam preparando medidas de maior impacto para obter a colaboração iraniana.
"Nós vamos continuar a pressão por meio dos canais apropriados. A mensagem continuará a ser enviada. O futuro do Irã será definido pelo povo iraniano", disse Fleischer, usando o mesmo discurso que o presidente George W. Bush adotava antes da guerra contra o Iraque.
Rumsfeld disse ainda que o Irã "não está colaborando" na questão do Iraque nem na tentativa americana de estabilizar o país ocupado após a guerra.
Os EUA não têm ligações diplomáticas com o Irã desde a Revolução Islâmica de 1979, e os americanos estão reforçando neste momento a sua contrariedade em relação ao que chamam de "teocracia iraniana". O objetivo é deixar claro aos grupos radicais islâmicos no Iraque que o modelo do país vizinho não servirá para a formação de um novo governo.
A Casa Branca também disse duvidar das intenções do programa nuclear que estaria sendo desenvolvido pelo Irã.
Ontem, o Conselho Nacional de Resistência do Irã, um grupo de oposição, afirmou que os iranianos construíram mais dois laboratórios a 60 km de Teerã para enriquecer urânio.
"Continuamos a duvidar que um país rico em óleo e gás esteja desenvolvendo um programa nuclear com propósitos pacíficos", disse o porta-voz da Casa Branca. Embora o Irã seja signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, Washington afirma que o país desenvolve um programa nuclear secreto há dez anos.
O país está construindo uma usina nuclear com a ajuda da Rússia e alega que ele será usado só para fins pacíficos.
No Congresso americano, o aumento no tom da retórica contra Teerã começa a encontrar resistência entre os democratas. O partido vem tentando nas últimas semanas desarmar o discurso do governo Bush de combate ao terrorismo, visto como a principal bandeira eleitoral do presidente.
Para o senador Joseph Biden, do Comitê de Relações Internacionais do Congresso, os EUA não deveriam "morder mais do que podem mastigar".


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