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IRÃ NA MIRA
País volta a acusar o país de abrigar líderes da Al Qaeda e de buscar armas nucleares; Teerã nega acusações
EUA vêem colaboração "insuficiente" do Irã
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Os Estados Unidos voltaram
ontem a acusar o Irã de abrigar líderes da rede terrorista Al Qaeda
e de desenvolver um programa de
armas nucleares. A Casa Branca
afirmou que os iranianos estão
respondendo "insuficientemente" às demandas americanas na
questão do terrorismo.
Um dia antes, Teerã havia
anunciado a prisão de supostos
membros da Al Qaeda. Os americanos julgam, no entanto, que o
governo iraniano está fazendo
um "jogo de cena" no caso.
Os EUA acreditam que o Irã sabia que a Al Qaeda estava infiltrada no país e que preparava os ataques cometidos na Arábia Saudita
que mataram 34 pessoas no último dia 21. Entre as vítimas, havia
oito americanos.
Ontem pela manhã, os secretários da Defesa, Donald Rumsfeld,
de Estado, Colin Powell, e a assessora de Segurança Nacional, Condollezza Rice, fizeram uma reunião de emergência para discutir
medidas a serem tomadas contra
o governo iraniano.
A estratégia americana é aproveitar o impacto da vitória militar
no Iraque para pressionar uma
colaboração maior de Teerã na
questão do terrorismo.
O porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer, negou que os EUA estejam preparando medidas de
maior impacto para obter a colaboração iraniana.
"Nós vamos continuar a pressão por meio dos canais apropriados. A mensagem continuará a
ser enviada. O futuro do Irã será
definido pelo povo iraniano", disse Fleischer, usando o mesmo discurso que o presidente George W.
Bush adotava antes da guerra
contra o Iraque.
Rumsfeld disse ainda que o Irã
"não está colaborando" na questão do Iraque nem na tentativa
americana de estabilizar o país
ocupado após a guerra.
Os EUA não têm ligações diplomáticas com o Irã desde a Revolução Islâmica de 1979, e os americanos estão reforçando neste momento a sua contrariedade em relação ao que chamam de "teocracia iraniana". O objetivo é deixar
claro aos grupos radicais islâmicos no Iraque que o modelo do
país vizinho não servirá para a
formação de um novo governo.
A Casa Branca também disse
duvidar das intenções do programa nuclear que estaria sendo desenvolvido pelo Irã.
Ontem, o Conselho Nacional de
Resistência do Irã, um grupo de
oposição, afirmou que os iranianos construíram mais dois laboratórios a 60 km de Teerã para
enriquecer urânio.
"Continuamos a duvidar que
um país rico em óleo e gás esteja
desenvolvendo um programa nuclear com propósitos pacíficos",
disse o porta-voz da Casa Branca.
Embora o Irã seja signatário do
Tratado de Não-Proliferação Nuclear, Washington afirma que o
país desenvolve um programa
nuclear secreto há dez anos.
O país está construindo uma
usina nuclear com a ajuda da Rússia e alega que ele será usado só
para fins pacíficos.
No Congresso americano, o aumento no tom da retórica contra
Teerã começa a encontrar resistência entre os democratas. O
partido vem tentando nas últimas
semanas desarmar o discurso do
governo Bush de combate ao terrorismo, visto como a principal
bandeira eleitoral do presidente.
Para o senador Joseph Biden, do
Comitê de Relações Internacionais do Congresso, os EUA não
deveriam "morder mais do que
podem mastigar".
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