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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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ARGENTINA

Objetivo é substituir juízes indicados por Menem

Ministro da Justiça de Kirchner quer mudanças na Suprema Corte

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

As críticas feitas pelo presidente argentino, Néstor Kirchner, ao sistema judicial do país começaram a ganhar voz. O ministro da Justiça, Gustavo Beliz, deixou claro que pretende realizar mudanças na Suprema Corte, composta por nove ministros, dos quais cinco foram nomeados durante o governo do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999).
Beliz afirmou ontem que seria mais "saudável" se alguns ministros deixassem "voluntariamente os cargos". Por lei, os integrantes da Suprema Corte só podem ser substituídos quando morrem, pedem demissão ou são afastados pelo Congresso. Neste caso, se for comprovado elo com corrupção.
A indicação de Beliz para a pasta da Justiça foi a mais criticada. Vinculado ao Opus Dei, grupo religioso conservador com grande influência no Vaticano, Beliz é o único ministro atual que passou pelo governo Menem. Foi ministro do Interior entre 1989 e 1993, quando pediu demissão. Acusou o ex-presidente de envolvimento com corrupção. Especula-se que ele simpatize com os generais do governo militar (1976-1983).
Segundo Beliz, a intenção do governo é "combater a corrupção e melhorar a qualidade institucional do país". "Governabilidade não é sinônimo de impunidade. Terminaram as extorsões. Não vamos obstruir nenhum tipo de investigação", afirmou.
Kirchner chegou a articular no Congresso, no final do ano passado, a criação de uma comissão para investigar todos os juizes, mas não teve êxito. Como presidente, talvez tenha mais força para cobrar uma ação legislativa.
Atualmente, o juiz Carlos Fayt está sendo investigado por ter autorizado a liberação de recursos presos no chamado "corralito". Os deputados afirmam que Fayt pode tirado proveito da decisão, pois tinha cerca de US$ 200 mil depositados no Banco Nación.

Forças Armadas
O governo confirmou ontem a nova composição do comando das Forças Armadas. O brigadeiro Carlos Alberto Rohde ficará com a Força Aérea. O general Roberto Fernando Bendini e o almirante Jorge Omar Godoy assumirão, respectivamente, o Exército e a Marinha. Todos são próximos a Kirchner. Bendini e Godoy fizeram carreira na Patagônia.
O governo argentino também confirmou o nome de Juan Pablo Lohlé para a Embaixada da Argentina no Brasil. Lohlé, diretor do Centro de Estudos Políticos e Internacionais, foi considerado o mentor internacional de Kirchner na campanha e tem vínculos com o setor empresarial brasileiro.


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