São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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REALIDADE DA GUERRA

Fita mostra que imagens do massacre de My Lai quase foram censuradas

País tentou vetar fotos do Vietnã

Ronald L. Haeberle - Mar.1968/"Life Magazine"/Associated Press
Corpos de mulheres e crianças mortas por americanos perto de My Lai, no Vietnã, em 1968


DA REDAÇÃO

O governo americano procurou, sem sucesso, impedir a divulgação de fotos do massacre de mais de 300 pessoas cometido por soldados dos EUA em My Lai, no Vietnã, em 1969.
A intenção está num diálogo entre o então assessor de Segurança Nacional do presidente Richard Nixon, Henry Kissinger, e o secretário da Defesa, Melvin Laird. O diálogo foi divulgado anteontem pelos Arquivos Nacionais dos EUA, em meio ao escândalo da fotos de presos iraquianos sendo torturados por soldados americanos.
"São pavorosas", diz Laird, num dos trechos, sobre as fotos de My Lai. Kissinger respondeu que um dos principais auxiliares de Nixon "ouviu que o Exército está tentando impedir a divulgação das fotos -mas isso não será possível".
Na conversa, Laird diz que, embora gostaria de "varrer debaixo do tapete" a questão toda, as fotos não permitiam. "Há tantas crianças deitadas ali. Essas fotos são autênticas", disse.
As transcrições mostram o quão frustrado Nixon estava ficando com a Guerra do Vietnã. Ele ficou irado em 9 de dezembro de 1970, devido ao que viu como o bombardeio insuficiente de alvos no Camboja.
"Não apenas eles [a Força Aérea] não têm imaginação, como estão apenas administrando essa coisa, bombardeando selvas", disse Nixon. "Eles precisam entrar lá, e quero dizer entrar lá de verdade." Kissinger objetou: "A Força Aérea foi projetada para travar uma batalha contra a URSS. Não foi projetada para esta guerra".
Mas o presidente persistiu. "Quero que atinjam tudo", disse Nixon. Kissinger passou a ordem para frente: "Uma campanha maciça de bombardeio no Camboja. Qualquer coisa que voe contra tudo o que se mova".

Com o "New York Times"


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