São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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Jovens usam internet e SMS contra limitações impostas pelo governo

DO ENVIADO A TEERÃ

Na semana passada, os estudantes da Universidade de Tecnologia Amirkabir deram de cara com uma construção de lona no meio do campus. No Irã pós-revolução, isso significa que os Sepah -nome do Exército Revolucionário ou Guarda Revolucionária mas que os locais usam pejorativamente para qualquer membro mais radical do governo- pretendem ali enterrar "mártires" (pessoas mortas em nome do islã).
Já aconteceu no campus central da Universidade de Teerã, onde os corpos de 12 soldados desconhecidos da Guerra Irã-Iraque (1980-1988) foram enterrados no centro da quadra de futebol de salão, que hoje virou o maior palco da cidade das orações do meio-dia das sextas-feiras, as principais da semana.
Mas isso não iria acontecer facilmente na Amirkabir, ex-Politécnica, decidiram os estudantes. A universidade é uma das mais combativas e foco de preocupação do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que pôs um aliado na reitoria.
Os primeiros alunos foram disparando para seus colegas SMS (mensagens via celular) em "fingilish", como chamam o farsi fonético escrito em alfabeto latino. Em meia hora, o campus estava tomado por 500 pessoas, que cercaram a tenda e exigiram falar com o reitor.
Não se sabe se haverá outra revolução como a de 1979. Se acontecer, é provável que seja convocada por SMS. O iraniano é um povo à vontade com novas formas de comunicação.
São a quarta língua dos blogs, respondendo por 700 mil dos 100 milhões de diários virtuais que, estima-se, estão em atividade no mundo. O primeiro é de 1999, e a maioria é escrita em farsi ou "fingilish", mas há muitos de ótima qualidade em inglês, como o Tehran Avenue.
O governo está de olho. A primeira prisão de blogueiro foi feita já 2003. No começo da semana, um dos membros do equivalente local da Suprema Corte propôs que os blogs sejam tratados "como as fronteiras do país", sendo sujeitos a aprovação por um censor.
"É uma proposta tão absurda que ninguém levou a sério", disse à Folha um fotógrafo que não quis se identificar.
O regime patina na questão do controle das novas tecnologias. Quando os blogs começaram a dar problema aos autores, a plataforma de preferência passou a ser o SMS, sigla em inglês para "short message service", serviço de mensagens curtas, que o iraniano chama de "êssémés". (SD)


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