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Jovens usam internet e SMS contra limitações impostas pelo governo
DO ENVIADO A TEERÃ
Na semana passada, os estudantes da Universidade de Tecnologia Amirkabir deram de
cara com uma construção de lona no meio do campus. No Irã
pós-revolução, isso significa
que os Sepah -nome do Exército Revolucionário ou Guarda
Revolucionária mas que os locais usam pejorativamente para qualquer membro mais radical do governo- pretendem ali
enterrar "mártires" (pessoas
mortas em nome do islã).
Já aconteceu no campus central da Universidade de Teerã,
onde os corpos de 12 soldados
desconhecidos da Guerra Irã-Iraque (1980-1988) foram enterrados no centro da quadra
de futebol de salão, que hoje virou o maior palco da cidade das
orações do meio-dia das sextas-feiras, as principais da semana.
Mas isso não iria acontecer
facilmente na Amirkabir, ex-Politécnica, decidiram os estudantes. A universidade é uma
das mais combativas e foco de
preocupação do presidente
Mahmoud Ahmadinejad, que
pôs um aliado na reitoria.
Os primeiros alunos foram
disparando para seus colegas
SMS (mensagens via celular)
em "fingilish", como chamam o
farsi fonético escrito em alfabeto latino. Em meia hora, o campus estava tomado por 500 pessoas, que cercaram a tenda e
exigiram falar com o reitor.
Não se sabe se haverá outra
revolução como a de 1979. Se
acontecer, é provável que seja
convocada por SMS. O iraniano
é um povo à vontade com novas
formas de comunicação.
São a quarta língua dos blogs,
respondendo por 700 mil dos
100 milhões de diários virtuais
que, estima-se, estão em atividade no mundo. O primeiro é
de 1999, e a maioria é escrita
em farsi ou "fingilish", mas há
muitos de ótima qualidade em
inglês, como o Tehran Avenue.
O governo está de olho. A primeira prisão de blogueiro foi
feita já 2003. No começo da semana, um dos membros do
equivalente local da Suprema
Corte propôs que os blogs sejam tratados "como as fronteiras do país", sendo sujeitos a
aprovação por um censor.
"É uma proposta tão absurda
que ninguém levou a sério",
disse à Folha um fotógrafo que
não quis se identificar.
O regime patina na questão
do controle das novas tecnologias. Quando os blogs começaram a dar problema aos autores, a plataforma de preferência passou a ser o SMS, sigla em
inglês para "short message service", serviço de mensagens
curtas, que o iraniano chama
de "êssémés".
(SD)
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