São Paulo, quarta, 28 de maio de 1997.



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HISTÓRIA
Ação permitiu reconstrução européia após a Segunda Guerra
Na Holanda, Clinton comemora hoje 50 anos do plano Marshall

de Washington

O presidente norte-americano, Bill Clinton, comemora hoje em Roterdã, na Holanda, o cinquentenário do Programa de Recuperação Européia, que entrou para a história como Plano Marshall, anunciado em 5 de junho de 1947 pelo então secretário de Estado George Marshall, na Universidade Harvard.
O Plano Marshall consistiu na remessa de US$ 13 milhões (US$ 88 milhões em valores atuais) para 16 países entre 1948 e 1952, com o objetivo de reconstruir instalações industriais e serviços de infra-estrutura destruídos durante a Segunda Guerra Mundial.
Cerca de 10% dessa quantia foi destinada à Alemanha, derrotada na Guerra, mas como empréstimos, não como doações, como foi o caso das outras 15 nações beneficiadas.
O governo dos EUA tinha três objetivos a alcançar com o Plano Marshall: garantir na Europa um importante mercado consumidor de bens norte-americanos; manter a Europa Ocidental distante da esfera de influência da então União Soviética; impedir a ascensão ao poder nesses países de partidos políticos de orientação socialista.
Nobel da Paz
O arquiteto do programa foi o general George Catlett Marshall, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Marshall, que morreu em 1959, 15 dias antes do seu octogésimo aniversário, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1953 devido ao sucesso de seu projeto de reconstrução da Europa.
Hoje, o presidente Clinton inaugurará estátua dele em Roterdã.
A princípio, o Plano Marshall foi concebido para também beneficiar a União Soviética e os países de sua área de influência na Europa Oriental. Mas, durante conferência em Paris para discutir a administração do programa, os soviéticos recusaram a ajuda porque ela viria condicionada à adoção de políticas econômicas baseadas nas teorias de livre mercado.
Os principais beneficiados foram, pela ordem, Reino Unido, França, Itália e a então Alemanha Ocidental. Embora a partir de 1949 boa parte das verbas tenha sido destinada a fins militares, devido ao aumento das tensões da Guerra Fria, o Plano Marshall foi considerado um sucesso imediato. Em 1952, a produção industrial dos 16 países assistidos foi 35% superior aos níveis de 1938, último ano anterior à Segunda Guerra Mundial.
Embrião da UE
Os objetivos políticos do projeto também foram alcançados. Todos os 16 países beneficiados reconstruíram suas economias com base nos princípios do livre mercado.
Além disso, Marshall conseguiu convencer os governantes do Reino Unido e da França a superarem sua desconfiança em relação à então Alemanha Ocidental e a comerciarem diretamente com ela por meio de formas de pagamento sem o uso do dólar, o que foi um dos embriões da integração européia. Líderes europeus se juntarão a Clinton na homenagem de hoje.
(CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA)



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