São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2000


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Candidato governista rechaça a acusação de manipulação eleitoral

JUAN JESUS AZNAREZ
DO "EL PAÍS", NO MÉXICO

"O novo PRI segue em frente. Não o enterramos." Francisco Labastida, candidato do governista PRI (Partido Revolucionário Institucional, no poder desde 1929) à Presidência do México, promete consolidar a democracia no país.
O PRI e Labastida recorreram aos chamados "dinossauros" do partido para ganhar votos diante do crescimento nas pesquisas do opositor Vicente Fox.
Labastida promete manter a abertura econômica e uma economia de mercado "que não ameace o crescimento, fortaleça o mercado interno e aumente os salários e o nível de vida".

Pergunta - O sr. falou muito do novo PRI, mas incorporou os "dinossauros" do partido. Parece que o novo PRI foi enterrado antes de nascer.
Francisco Labastida -
Estamos naquele período em que o novo ainda não se impõe e o velho não acabou de morrer. Mas por que não fazer uma aliança com o partido no período eleitoral?

Pergunta - O PRI pode se dar ao luxo de ganhar as eleições sem recorrer a velhas práticas (o partido foi acusado de clientelismo e fraude eleitoral no passado)?
Labastida -
É bom falarmos das mudanças que impulsionaram o partido ao longo do tempo. A reforma agrária repartiu mais da metade do território nacional. Há uma associação lógica entres os camponeses e os governos que fizeram a reforma agrária mais profunda do mundo. Quando o partido foi fundado (1929), as escolas tinham apenas 1,5 milhão de alunos. Hoje têm 29 milhões. O serviço de saúde atende a 95% da população. Mas há ainda problemas de pobreza, desemprego, corrupção e grupos marginalizados na população indígena e rural. Mas não se pode olhar só para uma parte. Não podemos esquecer as mudanças que ocorreram no México.

Pergunta - Durante a apresentação do seu programa, o sr. disse que ou ganhava por uma margem ampla ou haveria caos no México.
Labastida -
Quando falo dos riscos de graves transtornos depois das eleições, apenas expresso o que o próprio senhor Fox disse, que não aceitará o triunfo do PRI a menos que seja por mais de dez pontos de diferença, cerca de 4 milhões de votos. Falo também de minha própria experiência pessoal. Quando fui governador de Sinaloa, depois das eleições, fizeram uma manifestação diante de minha casa. Estiveram a ponto de queimá-la, criando muita tensão.
Os apelos à exaltação feitos por Fox correm o risco de gerar um ambiente inflamado. Ele criou o problema. É conveniente alertar para o perigo a tempo, para que ele não ocorra.

Pergunta - Como pode estar tão seguro de que seus seguidores, no caso de uma vitória de Fox, não provocarão distúrbios?
Labastida -
Vejamos a história recente. Dos 32 Estados, 11 estão com a oposição. Da população dos municípios, mais de 50% é governada por partidos que não o PRI. E nunca houve um movimento de subversão quando houve a alternância de poder.

Pergunta - Apesar das reformas eleitorais e o afastamento das fraudes, não se manipulam os programas sociais para obter votos entre os beneficiados?
Labastida -
O governo conduz, como todos os governos, obras sociais, todos os anos e durante todo o ano. Não há nenhum programa social que ocorra somente no período eleitoral. As normas de distribuição dos recursos foram elaboradas com a oposição. Pode haver queixas, mas elas têm de ser fundamentadas.


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