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São Paulo, sábado, 28 de junho de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Israel promete iniciar na segunda retirada militar de Gaza; três integrantes do Hamas são mortos em novo ataque

Hamas e Jihad Islâmico anunciam trégua

Mohammed Salem/Reuters
Palestinos levam corpo de militante do Hamas morto em Gaza


DA REDAÇÃO

Israel e os palestinos chegaram ontem a um acordo para permitir a retirada do Exército israelense do norte da faixa de Gaza e de Belém, na Cisjordânia, pouco após os grupos terroristas palestinos Hamas e Jihad Islâmico terem anunciado a decisão de interromper por três meses seus ataques contra israelenses.
As duas medidas acontecem após a pressão dos EUA pela implementação de um novo plano de paz para a região, lançado no início do mês. A assessora de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, chega hoje à região para discutir o plano de paz com líderes palestinos e israelenses. Na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, já havia viajado à região.
Um membro do governo israelense disse que a retirada do Exército da faixa de Gaza deve começar na segunda-feira. Os detalhes da retirada de Belém, segundo ele, não estavam ainda finalizados.
A retirada é uma das exigências feitas para a implementação do plano de paz. Forças de segurança da Autoridade Nacional Palestina devem assumir o controle dessas regiões e a tarefa de evitar eventuais ataques terroristas. Se funcionar, a retirada deve depois se estender a outras regiões.
A possível trégua palestina -outros anúncios semelhantes não se confirmaram- foi anunciada apesar de um novo ataque israelense em Gaza, que deixou quatro mortos, entre eles três membros do Hamas. Um soldado israelense também morreu.
O Exército de Israel, que vem promovendo uma "caça" aos membros do Hamas nas últimas semanas, defendeu a ação de ontem dizendo que era parte de uma tentativa de prender militantes que preparavam "um grande ataque terrorista".
O fundador e líder espiritual do Hamas, xeque Ahmed Yassin, anunciou ontem que o grupo decidiu suspender seus ataques contra Israel. O grupo, responsável por atentados suicidas que mataram centenas de israelenses, havia sido chamado por Powell de "inimigo da paz". "O Hamas estudou os últimos acontecimentos e chegou à decisão de convocar uma trégua ou a suspensão das atividades de combate", afirmou Yassin. Ele disse, porém, que a trégua terá condições e será declarada formalmente após o Hamas e outros grupos finalizarem uma declaração conjunta. O porta-voz do Jihad Islâmico em Gaza, Mohamed al Hindi, disse que seu grupo está "inclinado pela paz" e também deve aprovar a trégua.
O anúncio da trégua foi recebido com ceticismo por Israel. Um funcionário do governo disse que a declaração de cessar-fogo "não vale o papel em que foi escrito".
Israel e EUA exigem do premiê palestino, Mahmoud Abbas, conhecido como Abu Mazen, o desarmamento e o desmantelamento de todos os grupos terroristas.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Richard Boucher, elogiou a trégua como "um primeiro passo para o fim da violência e do terror", mas disse que ela terá de ser seguida pelo desmantelamento dos grupos, uma das principais exigências do plano de paz para a criação do futuro Estado palestino, em 2005.
"Um Estado só pode ter uma única autoridade armada e não pode ter de competir com autoridades armadas de outros grupos", afirmou Boucher.
Os EUA vêm pressionando líderes árabes e europeus a pressionarem o Hamas pela trégua.
A Autoridade Palestina, que tenta convencer os grupos terroristas a decretar um cessar-fogo, alega que desarmá-los à força poderia gerar uma guerra civil.

Com agências internacionais


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