São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Marine dos EUA e civil paquistanês foram capturados por grupos diferentes; Turquia rejeita exigências de seqüestradores

Insurgentes ameaçam degolar mais 2 reféns

Mohammed Uraibi/Associated Press
Soldados dos EUA guardam área atingida por ataque de insurgentes em Hillah enquanto carros destruídos são removidos do local


DA REDAÇÃO

Dois grupos diferentes de insurgentes iraquianos capturaram ontem um marine dos EUA de origem paquistanesa e um civil paquistanês e ameaçaram decapitá-los se os EUA não libertarem prisioneiros iraquianos. Também ontem, a Turquia rejeitou as exigências de terroristas iraquianos que ameaçam degolar três reféns turcos apanhados no sábado no Iraque. O ultimato à Turquia vence durante a visita do presidente americano, George W. Bush, a Istambul para reunião de cúpula da Otan (aliança militar ocidental).
O marine foi capturado por um grupo que se autointitula Movimento de Resposta Islâmica. De acordo com a TV árabe Al Jazira, pela qual foram divulgadas imagens do refém encapuzado e com uniforme de camuflagem, o militar será decapitado se os EUA não libertarem todos os prisioneiros iraquianos. O vídeo também mostra a identidade do marine de origem paquistanesa, cujo nome é Wassef Ali Hassoun.
Já o civil paquistanês, que trabalhava como motorista para os americanos, foi capturado por um grupo que não se identificou. Numa declaração transmitida pela TV Al Arabiya, três homens mascarados disseram que o prazo de 72 horas começou a transcorrer com a divulgação do comunicado. O refém paquistanês exibe uma identificação da firma americana Kellogg, Brown & Root. Os seqüestradores, que tinham fuzis de assalto em seus peitos, exigiram a liberdade de prisioneiros de vários centros de detenção.
O refém, que disse chamar-se Amjad, pediu ao ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, para fechar a embaixada paquistanesa no Iraque e proibir paquistaneses de viajar ao país. Amjad acrescentou que sua vida não seria poupada por ele ser um muçulmano.
O grupo que mantém os turcos, aparentemente ligado a Abu Musab al Zarqawi, que tem vínculos com a Al Qaeda, disse num comunicado divulgado no sábado pela Al Jazira que os reféns seriam degolados em 72 horas a menos que pessoas e empresas turcas deixassem de trabalhar para as forças americanas no Iraque.
"A Turquia vem combatendo atividades terroristas há mais de 20 anos", disse o ministro da Defesa, Vecdi Gonul. "Eles pedem muitas coisas, exigem muitas coisas, mas nós nunca as consideramos seriamente", acrescentou.
O grupo de Zarqawi decapitou um refém sul-coreano na semana passada, depois que Seul rejeitou a exigência de retirar seus soldados do Iraque. No mês passado, a organização degolou um empresário americano no país.
Zarqawi também é apontado como mentor de uma série de sangrentos ataques, que vêm se intensificando às vésperas da transferência da soberania para o governo provisório iraquiano, prevista para depois de amanhã. Na quinta-feira passada, uma série de ataques suicidas em cinco cidades matou mais de cem iraquianos e três soldados dos EUA. Washington oferece US$10 milhões pela sua captura.
Insurgentes atingiram ontem com armas de pequeno calibre um avião de carga americano dos EUA que decolava de Bagdá. Uma pessoa foi ferida e depois morreu. Resistentes também lançaram morteiros contra a chamada "zona verde" de Bagdá, onde ficam as residências e escritórios da administração iraquiana. Um dos morteiros matou dois garotos que brincavam perto do rio Tigre.
Um outro ataque com foguetes contra uma base americana em Bagdá matou um soldado.
Em Baquba, pistoleiros mataram seis membros da guarda nacional iraquiana. Um dos insurgentes também morreu.
O saldo de mortos dos dois carros-bomba que explodiram no sábado na cidade de Hilla, 100 km ao sul de Bagdá, subiu para 23.

Com agências internacionais


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