São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998

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Mao Tsé-tung, líder do movimento revolucionário, modernizou o local
Praça Tiananmen é símbolo do poder comunista no país

das agências internacionais

A praça Tiananmen, em Pequim, é o coração simbólico do poder comunista na China e tem uma história marcada por revoluções e derramamento de sangue.
Em um dia normal, é frequentada por pessoas que vão ali para passear e empinar pipas coloridas sobre o imenso espaço aberto ladeado por construções stalinistas da nova República Popular chinesa.
A repressão militar de 1989, na qual centenas de manifestantes pró-democracia foram mortos por tanques e armas do governo, foi uma das muitas convulsões políticas cujo epicentro foi a grande praça.
"No coração do povo, Tiananmen é um ponto de reunião, um lugar onde muita coisa já aconteceu e que evoca muitas memórias", disse Wang Changjun, editor do livro recém-publicado "Registro de Tiananmen por uma Testemunha".
Desde sua construção, no ano de 1417, o portal Tiananmen, ou portal da Paz Celestial, guarda a entrada sul da Cidade Proibida, o antigo palácio imperial de Pequim. Diante do portão ornamentado de 33,7 metros de altura se estende a praça que iria tornar-se o epicentro de uma revolução liderada por intelectuais após o final da Primeira Guerra Mundial.
No dia 4 de maio de 1919, cerca de 3.000 jovens patriotas chineses foram às ruas para protestar contra a humilhação internacional da China, desencadeando uma série de manifestações que acabaram levando o governo a renegar o tratado de Versalhes, que pusera fim à guerra.
Mas a praça moderna foi obra de Mao. Na década de 50, ele ordenou o nivelamento das vielas que ficavam diante do portão, criando um passeio público de 440 mil metros quadrados, capaz de abrigar até 1 milhão de pessoas.
Durante o caos da Revolução Cultural, entre 1966 e 1976, o portal, dominado por um imenso retrato de Mao, virou posto de observação das marchas dos Guardas Vermelhos, que às vezes incluíam mais de 1 milhão de integrantes.
A morte, em janeiro de 1976, do popular premiê Zhou En Lai, visto como moderador dos excessos de Mao, foi recebida com pesar público que acabou se expressando em tumultos. Milhares de pessoas lotaram a praça em abril daquele ano, durante os tradicionais ritos da primavera em homenagem aos mortos.
No final dos anos 70, manifestantes se reuniram na praça para protestar contra a repressão promovida pelos governos que sucederam ao de Mao.
Hoje em dia, muitos chineses do interior, quando visitam Pequim, consideram indispensável tirar uma foto diante do retrato de Mao.



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