São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2006

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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Israel prepara guerra "prolongada"

Governo convoca reservistas e diz que fracasso da reunião de Roma em pedir cessar-fogo é "permissão" para ofensiva

Até 30 mil tropas israelenses reforçarão operações no sul do Líbano; União Européia nega ter dado luz verde para ataques contra o Hizbollah

MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TZFAT

O governo de Israel aprovou ontem a convocação de 15 mil a 30 mil reservistas para o que chamou de ação "prolongada e sem limite de tempo" contra o Hizbollah no Líbano, apesar de afirmar que não pretende uma invasão em grande escala. O conflito, iniciado depois que o grupo xiita seqüestrou dois soldados israelenses, entrou ontem no 15º dia.
Autoridades israelenses deram ontem declarações indicando que o país entende que não há pressão internacional pelo fim dos ataques, apesar das declarações contrárias da UE (União Européia).
A manifestação mais explícita foi do ministro da Justiça, Haim Ramon: "Recebemos permissão da conferência de Roma, na verdade do mundo, parte cerrando os dentes e parte dando sua bênção, para continuar esta operação, esta guerra, até que a presença do Hizbollah seja apagada do Líbano e que o grupo seja desarmado."
Ele se referia à reunião de 14 países realizada na quarta-feira na capital italiana, na qual a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, vetou a proposta de um cessar-fogo imediato, defendida pelo Líbano e por parte dos países da UE.
A declaração final do encontro foi um compromisso vago de "trabalhar imediatamente na direção de um cessar-fogo". Do encontro não participaram Israel, Irã e Síria, diretamente envolvidos no atual conflito.
Autoridades européias negaram ter dado luz verde para a ofensiva. Erkki Tuomioja, ministro do Exterior da Finlândia, que preside a UE, disse que a interpretação de Israel é "totalmente errada".
"Toda a idéia da conferência de Roma foi ajudar a acabar rapidamente com a guerra e com as hostilidades", disse Tuomioja, que se encontrou com o premiê de Israel, Ehud Olmert.
Olmert afirma que Israel prefere, ao cessar-fogo imediato, o envio de forças de intervenção da Otan ao sul do Líbano para impedir ataques do Hizbollah. Mas nenhum país da aliança militar ocidental comprometeu-se a enviar soldados.
"Estamos recrutando tropas de reserva para que, se houver necessidade, possamos exercer a força necessária a fim de proteger o Estado de Israel e atingir os objetivos da operação", disse o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, em entrevista com Dan Halutz, chefe do Estado-Maior israelense.
A convocação de reservistas foi decidida em reuniões de emergência marcadas por Olmert depois que nove soldados de Israel foram mortos em uma emboscada do Hizbollah durante batalha em Bint Jbeil, principal centro do grupo terrorista no sul do Líbano.
Todos os israelenses servem três anos no Exército e ficam na reserva até por volta dos 40. Os militares dizem que as tropas convocadas vão fazer revezamento nos combates no sul do Líbano para aliviar a pressão sobre os soldados regulares.
O governo israelense disse que não mudará a estratégia: incursões contra áreas sob controle do Hizbollah, com apoio de bombardeios. Alguns militares pedem invasão mais ampla. O conflito já provocou a morte de mais de 400 libaneses, a grande maioria civis, e de 52 israelenses, dos quais 19 civis.


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