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Secretário de Bush é acusado de mentir
Depoimento de Alberto Gonzales, titular da Justiça, sobre programa de escutas ilegais foi contradito por chefe do FBI
Casa Branca defende o
secretário; novo escândalo
piora cenário para último
ano de Bush, cujo apoio e
popularidade se esvaem
DA REDAÇÃO
O Partido Democrata, que faz
oposição ao governo de George
W. Bush e têm maioria no Congresso dos EUA, aproveitou ontem mais um flanco fraco da
administração do republicano
para atacar. A investida consistiu no pedido, feito por parlamentares democratas ao procurador-geral dos EUA, Paul
Clement, para que apure se o
secretário da Justiça de Bush,
Alberto Gonzales, cometeu
perjúrio (mentiu) ao depor ao
Senado nesta semana.
Gonzales, que já está sendo
sabatinado acerca de possível
motivação política na demissão
de oito procuradores federais
seus subordinados, em 2006,
declarou à Comissão de Justiça
do Senado que uma reunião da
qual participou, em 2004, não
tratava do programa de escutas
telefônicas ilegais que o governo levou a cabo alegando a necessidade de investigar eventuais atividades terroristas.
O que motivou o pedido da
apuração sobre perjúrio foi um
outro depoimento dado a respeito daquela reunião, à qual
Gonzales esteve presente como
assessor jurídico da Casa Branca mas que contou também
com outros membros do staff
de Bush, além de parlamentares e do então secretário da
Justiça, John Ashcroft.
Nesse outro depoimento,
também à Comissão de Justiça
do Senado, o diretor do FBI,
Robert Mueller 3º, contradisse
Gonzales, afirmando ter "entendido que a reunião" de 2004
era sobre as escutas.
O governo saiu ontem em defesa de Gonzales, afirmando
que tudo se trata de uma "cruzada" dos democratas contra o
secretário -alusão às crescentes tensões entre Executivo e
Legislativo. Tony Snow, porta-voz da Casa Branca, afirmou
que Gonzales não deu informações erradas em seu depoimento e que, por motivos de segurança nacional, não seria possível esclarecer mais o caso por
ora. "Ele testemunhou dizendo
a verdade e tentou ser bem preciso", disse Snow.
Mas o presidente da Comissão de Justiça, o senador democrata Patrick Leahy, protestou,
evocando o escândalo de Watergate, em 1972: "Nunca, desde os dias mais obscuros do governo [Richard] Nixon, vimos
esforços assim para descumprir a legislação federal a fim de
obter ganhos partidários e tamanhos esforços para evitar a
responsabilidade".
Procuradores
Antes de ser acusado de perjúrio em depoimento sobre a
criação do programa ilegal de
escutas de Bush, Gonzales já
era bombardeado pela oposição em virtude da demissão dos
procuradores em 2006.
O secretário da Justiça é suspeito de os haver demitido por
sua atuação ser considerada
prejudicial ao Partido Republicano. As acusações ganharam
corpo quando se descobriu que,
em janeiro de 2005, logo após
Bush se reeleger presidente,
um assessor de Gonzales fez
uma lista classificando todos os
93 procuradores federais conforme sua afinidade partidária.
O secretário da Justiça admitiu que "pode ter havido falhas
no" processo de dispensa dos
oito procuradores, mas negou
improbidade na dispensa.
Parlamentares democratas
têm insistido que tanto ele como Karl Rove -principal estrategista político de Bush, também suspeito de envolvimento
no caso- deponham sob juramento. Mas o presidente tem
lançado mão de uma prerrogativa legal que impede a sabatina
dos dois sob juramento.
Com agências internacionais e
"The New York Times"
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