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Relatório deverá esclarecer casos dos anos 80
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
A principal contribuição do relatório da Comissão Verdade e
Reconciliação no Peru será o esclarecimento de violações ocorridas nos governos Fernando Belaúnde Terry (1980-1985) e Alan
García (1985-1990). "De alguma
maneira, já existe uma ativação da
Justiça em relação ao governo Fujimori [1990-2000]", disse à Folha
Francisco Soberón, secretário-executivo da Coordenação Nacional de Direitos Humanos.
Ele cita casos de massacres de
civis como o de Barrios Altos, em
1991, ou de La Cantuta, em 1992,
comandados por militares do esquadrão da morte conhecido como La Colina, muitos dos quais já
estão presos. Cita também o ex-chefe do serviço de inteligência
Vladimiro Montesinos, preso
desde 2001 e acusado de tortura,
assassinatos, corrupção e tráfico
de drogas, entre outros crimes. E
o próprio Fujimori, cuja extradição já foi pedida pela Justiça peruana ao Japão, onde está exilado.
"Falta é investigar os períodos
dos governos Belaúnde [morto
no ano passado, aos 89 anos] e
García [derrotado no segundo
turno da eleição presidencial de
2001]", diz Soberón. Para ele, integrantes desses governos podem
ser responsabilizados por questões de "caráter político e ético"
sobre casos de violações aos direitos humanos no período.
"As responsabilidades penais
estão relacionadas principalmente ao massacre na penitenciária de
Frontón", diz, em referência à
morte de cerca de 120 presos, integrantes do grupo terrorista Sendero Luminoso, durante a repressão policial a uma rebelião, em
1986. García, principal líder opositor hoje no país, é acusado de
haver ordenado a invasão da penitenciária de Frontón e da de Lurigancho, onde morreram outros
124 presos (em caso já julgado).
"Não se pode aceitar, ainda
mais em um Estado democrático,
violações graves aos direitos humanos na luta contra a subversão", diz Soberón. "É legítimo que
o Estado se defenda, mas dentro
da lei, não com desaparições, torturas, detenções arbitrárias", diz.
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