São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2011

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Exercício militar próximo à Amazônia irritou o governo

DE BRASÍLIA

O Brasil advertiu os Estados Unidos sobre o risco de exercícios militares realizados em países limítrofes da Amazônia, revelam os documentos do Itamaraty agora liberados ao público.
Em setembro de 1993, o embaixador brasileiro em Washington, Sérgio Amaral, aproveitou um briefing feito pelo Departamento de Estados dos EUA "a um número selecionado de embaixadores" para dar o recado.
O Brasil estava particularmente contrariado com recentes exercícios realizados pelos EUA na Guiana, numa região localizada a cerca de 470 km da fronteira da capital de Roraima, Boa Vista.
Amaral levou a situação ao secretário de Estado assistente, Thomas McNamara: "O aumento da presença [dos EUA] e de exercícios militares em áreas sem nenhum perigo visível pode dar um sinal equivocado. Em vez de gerar tranquilidade, cria a percepção de riscos que requerem aumento dos efetivos e dos recursos militares nos países da região [América Latina]."
Embora não tenha citado a Amazônia, o recado do embaixador foi explícito. Meses antes, o Brasil havia trocado mensagens e telefonemas com autoridades dos EUA sobre exercícios na Guiana.
O Estado-Maior das Forças Armadas brasileiras acompanhou o assunto. Relatório do CIE (área de inteligência do Exército), retransmitido pelo Itamaraty em caráter confidencial, descreveu o treinamento de Forças Especiais dos EUA por mais de um mês, entre abril e maio de 1993.
Os norte-americanos empregaram mais de 180 homens, helicópteros e barcos.
O CIE se preocupava ainda com exercícios realizados na região, meses antes, pela França. "[...] Os exercícios foram executados de maneira que não houvesse conhecimento nem repercussão."


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