São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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Saiba mais sobre a guerra comercial

do enviado a Millau e Roquefort

As manifestações em frente às lanchonetes McDonald's são fruto de uma guerra comercial que já dura uma década, mas que se agravou neste ano.
Desde 1989, os países da UE (União Européia) passaram a impedir a entrada de carne de gado tratado com hormônios que aceleram o crescimento dos animais, prática proibida na UE sob alegação de possíveis riscos à saúde.
No dia 15 de junho deste ano, a UE decidiu proibir toda a importação de carne dos EUA (7.000 toneladas por ano, ou US$ 20 milhões). Segundo os europeus, o gado americano caiu no exame antidoping -encontraram traços de hormônio de crescimento em carne etiquetada como se a substância não tivesse sido usada.
Em maio, um estudo científico apresentado pela UE por exigência da OMC (Organização Mundial do Comércio) afirmou que ainda não é possível garantir que o uso de hormônios de crescimento pelo gado é isento de riscos para o consumidor. O texto, no entanto, não estabelece os limites em que esse uso seria perigoso.
Os produtores dos EUA argumentam que os europeus também usam os hormônios, apesar da proibição. Dois hormônios usados nos EUA, o trenbolone e o estradiol, são fabricados na França, pela Hoechst-Roussel.
O país pediu à OMC o direito de adotar represália comercial total de US$ 202 milhões por ano. A UE sugeriu pena no valor de US$ 53 milhões. A organização arbitrou a cifra de US$ 116,8 milhões.
Na hora de usar esse montante, os EUA buscaram atingir o máximo de repercussão com o mínimo de dano para os consumidores. Pulverizaram as sanções por produtos pouco consumidos no país, mas símbolos da cultura e da culinária européia: o queijo roquefort e a mostarda de Dijon franceses, o tomate em conserva italiano, a trufa e alguns tipos de presunto.
"Os produtores de mostarda, roquefort e presunto não têm problemas conosco, mas com Bruxelas (sede da União Européia), que viola as regras da OMC", disse Peter Scher, negociador dos EUA junto à organização. Para o país, não há comprovação de que o uso de hormônios prejudique a saúde. (HCS)


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