São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VOTAÇÃO
Mais policiais e militares serão enviados ao território após o referendo de segunda, para evitar violência
ONU vai reforçar contingente em Timor

das agências internacionais

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu ontem aumentar o número de policiais e militares em Timor Leste, onde, na próxima segunda-feira, será realizado um referendo para decidir o futuro do território.
O contingente de policiais civis da Missão das Nações Unidas em Timor Leste (Unamet) passará de 280 para 460. O grupo de militares enviados pela ONU também aumentará de 50 para 300.
A segurança no território, no entanto, continuará sob responsabilidade da Indonésia, que, em 1976, anexou Timor Leste, uma ex-colônia portuguesa.
A anexação nunca foi reconhecida pela ONU.
A população local, cerca de 800 mil, é majoritariamente católica (88%) e parte dela fala português. Já a Indonésia, com cerca de 206 milhões de habitantes, é majoritariamente muçulmana (89%).
O reforço de pessoal da ONU só acontecerá após o referendo, que é resultado de um acordo fechado pela Indonésia e por Portugal, sob patrocínio das Nações Unidas.
A entidade prorrogou o mandato da Unamet até, pelo menos, 30 de novembro.
Os cerca de 450 mil eleitores registrados em Timor Leste decidirão se o território continua sob domínio indonésio, mas com maior autonomia, ou se opta pela independência.
Se prevalecer a segunda opção, a Indonésia prometeu anular o ato de anexação de Timor Leste, mas isso só deve ocorrer depois que o novo presidente do país for escolhido, em novembro.
Há, entretanto, temor de que haja, após a divulgação dos resultados, uma explosão de violência entre grupos pró-independência e pró-Indonésia.
Ontem, duas pessoas morreram e outras duas ficaram gravemente feridas em Maliana, no interior de Timor Leste.
Em Dili (capital), onde anteontem morreram pelo menos cinco pessoas, não ocorreram incidentes mais sérios.
Segundo os grupos favoráveis à separação de Timor Leste, as milícias contrárias à independência agem com conivência das forças indonésias.
"O reino do terror é claramente organizado por militares indonésios e por suas milícias", disseram líderes do Conselho Nacional de Resistência Timorense (favorável à independência).
Mas isso foi negado pelo movimento pró-indonésio. Segundo um de seus representantes, Basilio Araújo,"foram os independentistas que deram início à violência".
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse estar "horrorizado pela violência" e pediu à Indonésia "passos imediatos para restaurar e manter a lei e a ordem".
Depois do referendo, os policiais da ONU deverão recrutar e treinar uma nova força policial para Timor Leste.
Já o pessoal militar das Nações Unidas tem a missão de servir de ligação com as forças de segurança da Indonésia.


Texto Anterior: Kosovo: Rússia espionou Otan na guerra, diz jornal
Próximo Texto: Brasil diz estar preocupado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.