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Uribe ataca "ditaduras" latino-americanas
Em almoço com empresários em Nova York, presidente colombiano critica falta de liberdade na região sem citar nomes
Aliado de Bush pede apoio e diz que já é hora para EUA "reconhecerem" seu esforço,
ante a ameaça de naufrágio de seu TLC com Washington
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Em discurso a empresários
americanos em Nova York, o
presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, contrapôs ontem Bogotá ao que chamou de "ditaduras" da região. Maior aliado dos
EUA na América do Sul, o colombiano evitou citar nomes e
buscou ressaltar as qualidades
democráticas de seu governo,
mergulhado em um escândalo
pelo laço de membros do gabinete e de legisladores com paramilitares de direita.
"Há ditaduras na América
Latina que não aceitam a supervisão internacional. Na Colômbia, temos todas as estações
de rádio e TV criticando o meu
governo diariamente. As ditaduras latino-americanas suprimem o pluralismo, censuram a
mídia, perseguem os dissidentes, enquanto meu país é cheio
de oposição, de democracia, de
liberdade", disse. O ataque -ou
defesa- foi a resposta à pergunta de um participante do almoço no Conselho das Américas sobre sua estratégia contra
as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Uribe também criticou as
"tendências de estatização"
que florescem no continente,
afirmando que seu país oferece
incentivos para investimentos
externos -inclusive no setor
de petróleo, cuja exploração é
monopólio estatal no México e
majoritariamente estatal na
Venezuela.
O conservador tomou o mesmo rumo que o presidente
equatoriano, Rafael Correa, e
que a favorita na corrida presidencial argentina, Cristina
Kirchner, ao detratar os países
vizinhos a fim de mostrar o seu
próprio como um destino mais
confiável de investimentos externos. Os três, como a chilena
Michele Bachellet, aproveitaram a estada em Nova York para os debates da 62ª Assembléia
Geral da ONU para falar à entidade que reúne empresários.
Uribe não usou nomes, mas
sua citação de liberdade da mídia faz lembrar o caso RCTV.
Neste ano, o governo do venezuelano Hugo Chávez se recusou a renovar a licença do popular canal oposicionista, expirada em maio.
Os dois presidentes iniciam,
no entanto, uma aproximação.
No mês passado, Chávez se ofereceu para mediar as negociações entre Bogotá e as Farc para a troca de 45 reféns do grupo
colombiano por cerca de 500
guerrilheiros presos -o que foi
aceito por Uribe. Em 8 de outubro, o venezuelano deve se reunir com líderes da guerrilha.
TLC
O colombiano tem se esforçado, nos últimos meses, para
se desvincular do chamado "paragate" -o caso já derrubou sua
chanceler e atravancou a negociação com o Congresso americano, hoje sob comando da
oposição democrata, de um
Tratado de Livre Comércio
crucial para Bogotá. Em junho,
ele foi a Washington para reuniões com legisladores.
Ao mesmo tempo, busca promover uma imagem de eficácia
no combate à guerrilha -os
EUA financiam o combate ao
narcotráfico no país por meio
do Plano Colômbia.
"Fazemos o máximo que podemos para combater a guerrilha e está na hora de os EUA reconhecerem esse esforço", afirmou ontem.
Em várias ocasiões durante o
discurso ele pediu "apoio" para
o TLC, e frisou seu laço com o
presidente americano: "Nós temos a confiança do presidente
Bush de que estamos fazendo a
nossa parte, e fico honrado em
contar com a amizade dele. Somos leais aos EUA".
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