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COMBATES
Taleban entrega corpo de líder oposicionista; há rumores de mais 5 comandantes mortos
EUA fazem maior ataque a Cabul
DA REDAÇÃO
Os EUA fizeram ontem seu
maior ataque a Cabul, numa ofensiva com mais de 11 horas, e 5.000
deixaram o Paquistão para aderir
a uma "guerra santa" contra os
americanos. Em meio a rumores
de que mais cinco comandantes
rebeldes haviam sido enforcados,
o Taleban entregou o cadáver do
líder opositor Abdul Haq, morto
anteontem pela milícia, aparentemente após emboscada.
"Foi uma das piores noites",
disse um morador da capital. De
acordo com testemunhas, bombas caíram no centro e no sul da
cidade à noite. Os bombardeios
continuaram tarde adentro, contra posições no norte de Cabul.
As linhas de frente do regime
afegão sofreram seu pior golpe.
Os ataques da manhã se concentraram sobre Sia Ku, monte que
dá visão para o aeroporto de Bagram, tomado pela Aliança do
Norte, a principal força de resistência ao regime. A posição do
Taleban, que inutilizara Bagram,
foi bombardeada quatro vezes
numa operação no começo da
manhã e mais sete mais tarde.
As aeronaves americanas voaram a elevada altitude, longe do
alcance das baterias antiaéreas.
Apesar da intensidade da ofensiva dos EUA, os apelos do Taleban por reforços muçulmanos
continuam a surtir efeito.
Cerca de 5.000 pessoas partiram
ontem de Temergarah, no Paquistão, para aderir a uma "guerra santa" contra os EUA. Homens
de várias idades portavam fuzis,
metralhadoras, lança-foguetes e
até machados e espadas.
A missão do grupo, segundo os
organizadores, será entrar na Província de Kunar e ajudar o governante do Taleban a se defender de
incursões americanas.
Os militantes afirmaram que,
em outros povoados da fronteira
noroeste, um encrave da etnia
pashtu -majoritária no Afeganistão, grupos similares haviam
sido formados.
Oposição enfraquecida
Fontes do regime afegão citadas
pela TV árabe Al Jazeera afirmaram que o corpo de Haq foi entregue a parentes, que viajaram a Cabul para recebê-lo. O cadáver deverá ser enterrado em Peshawar,
no Paquistão.
Outros líderes podem ter sido
mortos. A agência de notícias afegã "AIP", sediada no Paquistão,
informou que mais cinco comandantes e 15 combatentes das forças rebeldes haviam sido capturados na Província de Samangan
(norte) e mortos pelo Taleban.
Mais tarde, porém, o regime
afegão negou. "É uma informação
falsa, e a desmentimos", disse à
"AIP" o ministro da Educação do
Taleban, Amir Jan Muttaqi.
A imprensa do Paquistão disse
ainda que Haq foi vítima de uma
armadilha montada pelos serviços de inteligência do Taleban,
que o aguardavam havia dias.
O comandante rebelde cruzou a
fronteira entre Paquistão e Afeganistão na madrugada de segunda-feira, após o chefe do Taleban no
distrito de Hisarak Ghiji ter-lhe
garantido apoio e segurança no
território em troca de dinheiro.
Na sexta-feira, após dois dias de
cerco, foi capturado com companheiros em Azro, na Província de
Logar (ao sul de Cabul).
"Há muitos indícios de que Haq
caiu numa cilada urdida pela inteligência do Taleban", disseram
fontes militares paquistanesas.
O Taleban afirmou que o líder,
que teria sido levado ao Afeganistão por um helicóptero americano, foi condenado à morte por
"traição". Segundo o governo afegão, Haq havia mantido contatos
com várias tribos da etnia pashtu
para obter apoio ao ex-rei Mohamed Zahir Shah -os EUA articulam um governo multiétnico de
coalizão para suceder ao Taleban,
e Haq, respeitado entre os afegãos
como veterano da guerra contra
os soviéticos, era um dos principais agentes da estratégia.
"Fiasco"
O Taleban zombou das iniciativas dos EUA. "A captura e a morte de Abdul Haq são um grande
fiasco para os planos americanos
no Afeganistão", disse o porta-voz do Ministério da Informação
afegão, Abdul Hanan Himat.
Os EUA enviaram um avião espião armado para ajudar Haq a
escapar do cerco do Taleban, mas
o líder rebelde acabou apanhado.
O general Pervez Musharraf,
que governa o Paquistão, tentou
minimizar o impacto político da
perda de Haq: "Seu papel [na formação do Afeganistão pós-Taleban" não era tão grande". Uma
reunião com grupos ligados ao
ex-rei e homens da Aliança do
Norte foi postergado por causa da
morte de Haq, entretanto.
O governo afegão afirmou ainda que "ao menos três americanos que faziam parte do grupo [de
Haq" conseguiram escapar" do
cerco das forças do Taleban. Uma
autoridade do regime islâmico
afirmou, porém, que um homem
que acompanhava Haq, possivelmente um americano, ainda era
procurado.
Com agências internacionais
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