São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O IMPÉRIO VOTA - RETA FINAL

Democrata diz que republicano não cumpre papel como comandante-em-chefe; Bush menciona sumiço de material no Iraque pela 1ª vez

Kerry e Bush se atacam sobre explosivos

DA REDAÇÃO

O sumiço de 350 toneladas de explosivos no Iraque tornou-se ontem o principal assunto da campanha eleitoral nos EUA. O candidato democrata à Presidência, John Kerry, disse que os americanos merecem respostas, não ataques políticos, sobre os explosivos, após George W. Bush acusá-lo de fazer "acusações loucas".
"Você não vigiou o depósito de munições, e agora nossos soldados estão correndo mais riscos. Essa é a verdade", disse Kerry em Minnesota, trazendo o assunto à tona pelo terceiro dia consecutivo. "Nossos soldados estão fazendo um trabalho heróico. O presidente, o comandante-em-chefe, não está cumprindo seu papel."
Kerry se referia ao sumiço de 350 toneladas de explosivos de instalações militares situadas perto de Bagdá após o início da Guerra do Iraque, em março de 2003. Suas observações foram uma resposta a comentários de Bush feitos mais cedo na Pensilvânia.
"Um candidato político que chega a conclusões apressadas sem saber dos fatos não é uma pessoa que você quer ter como seu comandante-em-chefe", disse Bush, em sua primeira alusão ao episódio desde que informações sobre os explosivos desaparecidos se tornaram públicas, na última segunda-feira.
Funcionários do governo Bush disseram que é possível que os explosivos tenham sido removidos antes da invasão do Iraque.
Kerry afirmou que o caso do sumiço do material era o "maior exemplo" do fracasso de Bush como comandante-em-chefe.
"Senhor presidente, pelo bem de nossos corajosos soldados e soldadas, pelo bem das tropas que estão em perigo, por causa de suas decisões equivocadas, você deve aos americanos respostas reais sobre o que aconteceu, não apenas ataques políticos", disse o senador de Massachusetts.
No Iraque, soldados britânicos começaram a deixar Basra em direção a uma área próxima a Bagdá. O objetivo da mobilização, pedida pelos EUA, é muito provavelmente o de liberar soldados americanos no local para que eles possam participar de uma ofensiva contra rebeldes em Fallujah.
"A mobilização começou", disse um porta-voz do Ministério da Defesa britânico. "Por razões operacionais, não posso dar mais detalhes. Mas [os 850 soldados] estarão de volta até o Natal."
Mas o premiê britânico, Tony Blair, disse em Londres não poder garantir que outras mobilizações não sejam necessárias.
Fontes ligadas à operação em Fallujah disseram ao jornal "The New York Times" que milhares de soldados e fuzileiros navais americanos, acompanhados de milhares de soldados e policiais iraquianos recém-treinados, atacariam a cidade a partir de vários pontos, usando artilharia, tanques e morteiros contra posições do movimento de insurgência. A data do ataque não foi revelada.
Seqüestradores já capturaram dezenas de estrangeiros desde abril em uma campanha para tentar forçar tropas americanas a deixar o Iraque. Mais de 35 reféns já foram mortos.
Um segundo vídeo da refém de origem britânica, irlandesa e iraquiana Margaret Hassan, chefe de operações da organização humanitária Care International no Iraque, foi divulgado ontem.
As imagens mostradas pela rede de TV Al Jazira mostravam Hassan pedindo ao Reino Unido que retire suas tropas do Iraque e liberte prisioneiras iraquianas.
"Por favor, não tragam os soldados para Bagdá. Leve-os embora. Por favor, soltem as mulheres presas no Iraque", disse Hassan.
O pai do japonês seqüestrado Shosei Koda, 24, pediu na TV que os captores soltem seu filho.
A apresentadora de TV Leqaa Abdul Razzaq e o diplomata Qusay Mehdi Saleh foram mortos ontem em Bagdá. O grupo rebelde Exército Islâmico assumiu a autoria do assassinato de Saleh.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Venezuela: Revolução não convive com latifúndio, diz Chávez
Próximo Texto: Tragédia: Menino de 2 anos é achado vivo 4 dias depois de terremoto no Japão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.