São Paulo, quarta, 28 de outubro de 1998

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HOMENAGEM
Cartier refaz primeiro modelo de relógio de pulso do mundo, realizado em 1904 a pedido do aviador brasileiro
Exposição relança relógio de Santos Dumont

MARIANA SGARIONI
de Paris

O pioneiro aviador brasileiro Alberto Santos Dumont está sendo homenageado em Paris com uma exposição de fotos e objetos pessoais na praça Trocadéro, em frente à Torre Eiffel, onde ele decolou o 14 Bis, em outubro de 1906.
A fundação Cartier reproduziu na praça o hangar do aviador e uma réplica em tamanho original do "Número 6", o balão dirigível motorizado em que Dumont fez a volta completa na torre, em 1901, a cerca de 20 metros de altura.
A homenagem marca o relançamento em versão moderna do primeiro relógio de pulso do mundo, inventado pelo presidente da empresa, o joalheiro Louis Cartier, para seu grande amigo Alberto Santos Dumont.
Após ganhar um prêmio por ter voado com o dirigível "Número 6" do parque Saint Cloud até a torre Eiffel em menos de 30 minutos, Dumont se queixou a Cartier de sua dificuldade em tirar o relógio do bolso para checar seu tempo de vôo. Eles conversaram durante a celebração de sua vitória, no luxuoso restaurante Maxim's, em Paris, onde o aviador tinha o hábito de jantar.
Santos Dumont pediu ao amigo uma alternativa para que pudesse ver as horas mantendo suas mãos sempre no controle do dirigível. Louis Cartier pensou na idéia e, em 1904, surgiu o primeiro relógio de pulso do mundo, que foi dado de presente ao aviador. O modelo, elaborado para ser usado no pulso esquerdo, tinha na pulseira de couro uma pequena fivela.
O relógio original, assim como o primeiro desenho de Cartier, foram perdidos, segundo afirma o jornal "Le Figaro". Mas o modelo original foi lançado ao público, pela primeira vez, em uma coleção chamada Santos, em 1978.
"A atual coleção marca os 20 anos de seu primeiro lançamento ao público. O modelo foi desenhado no início do século e tem as características pessoais de Santos Dumont", disse Mathilde Boyon, da Cartier. A nova coleção deve estar à venda em Paris no início de novembro.
A exposição na praça Trocadéro deve terminar hoje. Dentro do hangar reconstituído, é possível ver, além de fotos e objetos pessoais do aviador brasileiro, filmes que mostram seus projetos no início do século. Os objetos pessoais de Santos Dumont foram emprestados à fundação pelo Museu Aeroespacial do Rio de Janeiro.
Foram emprestadas ainda maquetes originais de famosas criações do aviador, como o avião "La Demoiselle", o dirigível "Número 6" e o antigo relógio que ele levava no bolso.
Entre seus objetos pessoais, a curiosidade está em uma alta mesa de madeira com quatro cadeiras de longas pernas, onde Santos Dumont costumava jantar. Na lateral, uma escada que era usada para que seus empregados pudessem subir para servi-lo. A justificativa para a excentricidade era simples: "as coisas da vida são mais belas quando vistas de cima", afirmava.



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