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Comissário denuncia fraude eleitoral na Rússia
Jornal diz que partido de Putin "duplicará" seus votos
IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
A cinco dias da eleição parlamentar que deverá garantir
uma vitória tranqüila para o
partido do presidente Vladimir
Putin, começaram a aparecer
na Rússia as primeiras denúncias de fraude no pleito.
A primeira surgiu no distrito
de Leningrado, que engloba a
segunda maior cidade russa,
São Petersburgo -a antiga Leningrado. Segundo divulgou a
agência oficial RIA-Novosti, o
comissário eleitoral do distrito,
Vladimir Juralev, identificou
um esquema de compra de votos por valores que variavam
entre 300 e 1000 rublos (entre
cerca de R$ 16 e R$ 80).
Além disso, foi constatada a
manipulação do número de votos ausentes -seriam "centenas" de pessoas, segundo ele,
envolvidas em desviar cédulas
enviadas para as regiões mais
remotas. Não foi dito quem seria o beneficiário da fraude.
Em Moscou, o diário de língua inglesa "The Moscow Times" trouxe na manchete a
acusação de que chefes de seções eleitorais estão orientados
a garantir que o partido de Putin, o Rússia Unida, tenha o dobro dos votos registrados.
A afirmação, feita por uma
fonte anônima, foi negada pelo
Comitê Central Eleitoral. Segundo a última pesquisa autorizada a ser divulgada antes da
eleição, feita na segunda-feira
pelo instituto VTsIOM (Centro
de Estudos Russo para o Estudo da Opinião Pública), o Rússia Unida deve ter 62% dos votos. Em segundo lugar está o
Partido Comunista, com 12%,
seguido pelo Partido Liberal
Democrata, de Vladimir Jirinovski, com 8%, e pelo Rússia
Justa, com 7%. Por uma alteração na Lei Eleitoral em 2006, a
cláusula de barreira é de 7% para preencher os 450 lugares da
Duma, o Parlamento russo.
Com isso, os outros sete partidos não serão representados.
"Sempre é bom lembrar que
o instituto é estatal", diz Maria
Lipman, do Centro Carnegie de
Moscou. "Se por um lado é culpa dos russos a apatia generalizada, não podemos esquecer
que tudo conspira por isso. O
cidadão comum não está preocupado", afirmou.
Na estação de metrô Tchekovskaia, no centro de Moscou,
Viktor Borodin era exemplo
disso. Engenheiro aposentado
de 74 anos, Borodin lia atentamente as manchetes dos jornais em um grande estande à
entrada da estação, um hábito
local. "Só falam do Putin desafiando os EUA, e isso é bom. A
eleição é uma bobagem, até Putin já disse que o Rússia Unida é
um bando de vagabundos",
afirmou, enquanto colocava as
luvas para enfrentar o frio de
2C -pelo menos.
Referia-se à acusação do presidente de que os EUA querem
desacreditar a eleição ao estimular a ausência de monitores
internacionais e também ao fato de que Putin já disse que nenhum partido político é bom.
NA INTERNET - Ouça podcast de
Igor Gielow sobre as eleições russas
www.folha.com.br/073312
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