São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Auxílio para idosos provoca queda-de-braço no Congresso

DA ENVIADA A LA PAZ

A base parlamentar do governo do presidente boliviano Evo Morales se esforçava ontem para levar ao plenário do Congresso -Senado e Câmara juntos- a discussão sobre o Renda Dignidade, projeto de transferência de renda a idosos, mas os integrantes do principal partido da oposição, o Podemos, recusaram-se a comparecer à sessão alegando temer agressões dos manifestantes pró-governo que cercam o edifício.
Os manifestantes -cerca de 3.000, segundo as lideranças- estão desde anteontem nos arredores da praça Murillo, em frente ao Congresso, para pressionar os parlamentares pela aprovação do benefício.
Com cartazes, bandeiras e berrantes, eles chegaram à cidade depois de uma semana de caminhada. "Vamos ficar aqui até que o Congresso aprove", disse Ivan Llampas, do departamento de Cochabamba. Anteontem, o próprio Evo Morales participou da marcha. "O presidente é o líder dos movimentos sociais", diz Llampas.
Ontem, o líder da bancada do governista MAS (Movimento ao Socialismo), Gustavo Torrico, admitiu à Folha que a presença dos manifestantes pode ter causado efeito contrário. "Se os parlamentares do Podemos entram, vai ser bom, porque os manifestantes só nos vão deixar sair quando votarmos. Mas se não entram..."
A controvérsia gira em tornos das fontes de financiamento do Renda Dignidade -que vai pagar um bônus mensal a 1 milhão de bolivianos maiores de 60 anos, a um custo anual de US$ 260 milhões.
O projeto aprovado pela Câmara, de maioria governista, determina que o dinheiro virá do IDH (Renda Direta de Hidrocarbonetos), imposto repartido entre o governo nacional, os departamentos (Estados) e as prefeituras. O Senado modificou a proposta, retirando o recurso de uma série de fontes federais, entre elas a ampliação do ITF, espécie de CPMF boliviana.

Imprensa
Jornalistas agredidos nos confrontos de Sucre protestaram ontem contra o governo, um dia depois de manifestantes atacarem em La Paz TVs e um jornal do grupo espanhol Prisa. O porta-voz do governo, Alex Contreras, pediu desculpas aos agredidos e disse que a liberdade de imprensa é um valor para o governo. Mas textos da agência oficial de notícias acusavam os jornais de Sucre de ter insuflado a população contra a Polícia Nacional e Morales.


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