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Auxílio para idosos provoca queda-de-braço no Congresso
DA ENVIADA A LA PAZ
A base parlamentar do governo do presidente boliviano Evo
Morales se esforçava ontem para levar ao plenário do Congresso -Senado e Câmara juntos- a discussão sobre o Renda
Dignidade, projeto de transferência de renda a idosos, mas os
integrantes do principal partido da oposição, o Podemos, recusaram-se a comparecer à sessão alegando temer agressões
dos manifestantes pró-governo
que cercam o edifício.
Os manifestantes -cerca de
3.000, segundo as lideranças-
estão desde anteontem nos arredores da praça Murillo, em
frente ao Congresso, para pressionar os parlamentares pela
aprovação do benefício.
Com cartazes, bandeiras e
berrantes, eles chegaram à cidade depois de uma semana de
caminhada. "Vamos ficar aqui
até que o Congresso aprove",
disse Ivan Llampas, do departamento de Cochabamba. Anteontem, o próprio Evo Morales participou da marcha. "O
presidente é o líder dos movimentos sociais", diz Llampas.
Ontem, o líder da bancada do
governista MAS (Movimento
ao Socialismo), Gustavo Torrico, admitiu à Folha que a presença dos manifestantes pode
ter causado efeito contrário.
"Se os parlamentares do Podemos entram, vai ser bom, porque os manifestantes só nos
vão deixar sair quando votarmos. Mas se não entram..."
A controvérsia gira em tornos das fontes de financiamento do Renda Dignidade -que
vai pagar um bônus mensal a 1
milhão de bolivianos maiores
de 60 anos, a um custo anual de
US$ 260 milhões.
O projeto aprovado pela Câmara, de maioria governista,
determina que o dinheiro virá
do IDH (Renda Direta de Hidrocarbonetos), imposto repartido entre o governo nacional, os departamentos (Estados) e as prefeituras. O Senado
modificou a proposta, retirando o recurso de uma série de
fontes federais, entre elas a
ampliação do ITF, espécie de
CPMF boliviana.
Imprensa
Jornalistas agredidos nos
confrontos de Sucre protestaram ontem contra o governo,
um dia depois de manifestantes
atacarem em La Paz TVs e um
jornal do grupo espanhol Prisa.
O porta-voz do governo, Alex
Contreras, pediu desculpas aos
agredidos e disse que a liberdade de imprensa é um valor para
o governo. Mas textos da agência oficial de notícias acusavam
os jornais de Sucre de ter insuflado a população contra a Polícia Nacional e Morales.
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