|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Unasul chega a um consenso mínimo de defesa regional
Texto não amainou, porém, diferenças entre Colômbia e Venezuela, que travaram a negociação por mais de 6 horas
Bogotá causou mal-estar geral ao não enviar time
de primeiro escalão para a reunião extraordinária de chanceleres do organismo
DA ENVIADA A QUITO
A Unasul (União de Nações
Sul-Americanas) comemorou
ontem ter chegado a um documento de consenso mínimo em
matéria de defesa que sustenta
que pactos militares com países
extrarregião não afetarão a soberania e a inviolabilidade dos
territórios dos Estados e estabelece que compras e exercícios militares terão de ser comunicados ao Conselho de Defesa da entidade.
Ficou evidente, porém, que
as divergências entre a Colômbia e a Venezuela, que travaram
a negociação por mais de seis
horas, não foram amainadas na
reunião extraordinária de
chanceleres e ministros da Defesa da organização, em Quito,
para a qual Bogotá, para mal-estar geral inicial, decidiu não
mandar seu primeiro time.
Quanto ao controverso acordo militar firmado entre Washington e Bogotá para o uso de
bases militares colombianas
pelos EUA, o texto avança pouco: dá a garantia de que a parceria não violará a soberania territorial dos países vizinhos. O
documento acrescenta que "os
Estados da Unasul se comprometem formalmente" a fazer
com que pactos não sejam fonte de ameaça também à estabilidade e que não terão efeito sobre nem o território nem espaço de outros Estados.
Ajudou na distensão o envio
de cartas da da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton,
e do chanceler colombiano, Jaime Bermúdez. Hillary reafirmou os objetivos do convênio
militar, limitados a temas internos da Colômbia e respeito à
soberania. A reunião ontem em
Quito propôs de novo um encontro entre a Unasul e o governo dos EUA.
Na chefia da delegação do
Brasil estavam o chanceler Celso Amorim e o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Amorim
deixou o encontro otimista e
elogiando a Colômbia. Disse
que a carta do chanceler colombiano avançou no oferecimento de "garantias formais" exigidas pelo Brasil.
Até o chanceler venezuelano,
Nicolás Maduro, afirmou que
Bermúdez e Hillary deram "garantias no papel", reiterando
que seguirá propondo garantias mais específicas. Mas ele
criticou a ausência do principal
staff colombiano e chamou o
ministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, de "francoatirador louco" e "belicista".
Terroristas
O consenso de ontem impediu que o quarto encontro da
Unasul em quatro meses terminasse sem acordo. O texto, a pedido da Colômbia, inclui uma
condenação aos países que
apoiem ou oferecem refúgio a
terroristas. Há também um
compromisso para rastrear o
desvio de armas. O documento
diz que "as situações de fronteira", que alimentam também a
tensão entre Caracas e Bogotá,
serão verificadas.
A pedido da Venezuela, o texto condena apoiadores de golpes de Estado -ponto que quase fez naufragar a negociação.
A reunião teve outro saldo
positivo: a redução das asperezas entre Chile e Peru. Lima,
que havia acusado Santiago por
conta de um suposto caso de espionagem de um militar peruano a favor do Chile, comemorou o trabalho complementar
dos países na Unasul. Ainda
que o Peru acuse o Chile de puxar uma corrida armamentista
na região, o documento urge a
entidade a discutir um protocolo de paz sugerido pelo governo
Alan García e um desenho de
"arquitetura de segurança"
complementar proposto pelo
governo chileno.
(Flávia Marreiro)
Texto Anterior: Favorito afirma que não vetaria a descriminalização do aborto Próximo Texto: Ameaça à Amazônia causa divergência na região Índice
|