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Aumento de assassinatos alarma Nova York
Crescimento é de 15% de janeiro a outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado
Especialistas ouvidos pela Folha, porém, consideram muito cedo concluir que se trata de uma nova tendência
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Após duas décadas de
queda quase ininterrupta, o
número de assassinatos em
Nova York cresceu 15% até
outubro deste ano, quando
comparado ao mesmo período do ano passado.
Segundo o departamento
de polícia, houve 450 assassinatos entre 1º de janeiro e
31 de outubro de 2010, contra
390 até o mesmo mês de
2009. No ano passado, foram
registrados 471 homicídios.
O aumento foi visto pela
mídia local como um alarme,
um sinal de que há falhas nos
esforços para conter a violência em Nova York.
Nos anos 70 e 80, os altos
índices de criminalidade
chegaram a espantar turistas
e investidores.
Mas, para especialistas ouvidos pela Folha, é muito cedo para dizer que se trata de
uma tendência.
Dennis Smith, professor
da NYU Wagner (Escola de
Políticas Públicas da Universidade de NY), diz que 2009
viu um "declínio extraordinário" nos homicídios.
"Se você tivesse de prever
o que aconteceria, teria de dizer que voltaria a subir neste
ano", completa.
"É cedo para dizer se o aumento deste ano representa
uma tendência", concorda
Andrew Karmen, especialista em estudo de taxas de crimes da Universidade John
Jay de Justiça Criminal.
Para Karmen, "nas últimas duas décadas, os homicídios vêm caindo quase todos os anos, mas houve dois
ou três em que subiram".
Para Smith, a crise econômica, apontada como um
dos fatores para a piora da
violência, não está intimamente ligada ao crime.
O especialista da NYU diz
ainda não ter "nenhuma razão para pensar que o trabalho que a polícia vem fazendo não continue a ir bem".
Ele ressalva que "não há
garantias -a polícia está fazendo esse trabalho com menos recursos e sob muita
pressão para não policiar de
uma maneira pró-ativa".
Smith se refere à política
de prevenção ao crime, que
permite aos policiais abordar
pessoas cujas atitudes são
consideradas suspeitas.
Há também a pressão orçamentária -em 2001, havia
41 mil policiais nas ruas de
NY, contra cerca de 35 mil hoje. E parte, diz Smith, foi para
o combate ao terrorismo.
Ainda assim, até outubro
deste ano, a taxa de criminalidade caiu mais de 1% em relação a 2009, apesar do aumento nos homicídios. Na
comparação com 1993, o total de crimes registrados em
2010 é quase 76% menor.
Para a polícia, ela está lutando contra o próprio sucesso. "Para contextualizar, este
é o ano com menos homicídios que tivemos em quatro
décadas e meia. As coisas estão, de maneira geral, caminhando na direção certa",
afirma o comissário de polícia da cidade, Ray Kelly.
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