São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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Aumento de assassinatos alarma Nova York

Crescimento é de 15% de janeiro a outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado

Especialistas ouvidos pela Folha, porém, consideram muito cedo concluir que se trata de uma nova tendência

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Após duas décadas de queda quase ininterrupta, o número de assassinatos em Nova York cresceu 15% até outubro deste ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Segundo o departamento de polícia, houve 450 assassinatos entre 1º de janeiro e 31 de outubro de 2010, contra 390 até o mesmo mês de 2009. No ano passado, foram registrados 471 homicídios.
O aumento foi visto pela mídia local como um alarme, um sinal de que há falhas nos esforços para conter a violência em Nova York.
Nos anos 70 e 80, os altos índices de criminalidade chegaram a espantar turistas e investidores.
Mas, para especialistas ouvidos pela Folha, é muito cedo para dizer que se trata de uma tendência.
Dennis Smith, professor da NYU Wagner (Escola de Políticas Públicas da Universidade de NY), diz que 2009 viu um "declínio extraordinário" nos homicídios.
"Se você tivesse de prever o que aconteceria, teria de dizer que voltaria a subir neste ano", completa.
"É cedo para dizer se o aumento deste ano representa uma tendência", concorda Andrew Karmen, especialista em estudo de taxas de crimes da Universidade John Jay de Justiça Criminal.
Para Karmen, "nas últimas duas décadas, os homicídios vêm caindo quase todos os anos, mas houve dois ou três em que subiram".
Para Smith, a crise econômica, apontada como um dos fatores para a piora da violência, não está intimamente ligada ao crime.
O especialista da NYU diz ainda não ter "nenhuma razão para pensar que o trabalho que a polícia vem fazendo não continue a ir bem".
Ele ressalva que "não há garantias -a polícia está fazendo esse trabalho com menos recursos e sob muita pressão para não policiar de uma maneira pró-ativa".
Smith se refere à política de prevenção ao crime, que permite aos policiais abordar pessoas cujas atitudes são consideradas suspeitas.
Há também a pressão orçamentária -em 2001, havia 41 mil policiais nas ruas de NY, contra cerca de 35 mil hoje. E parte, diz Smith, foi para o combate ao terrorismo.
Ainda assim, até outubro deste ano, a taxa de criminalidade caiu mais de 1% em relação a 2009, apesar do aumento nos homicídios. Na comparação com 1993, o total de crimes registrados em 2010 é quase 76% menor.
Para a polícia, ela está lutando contra o próprio sucesso. "Para contextualizar, este é o ano com menos homicídios que tivemos em quatro décadas e meia. As coisas estão, de maneira geral, caminhando na direção certa", afirma o comissário de polícia da cidade, Ray Kelly.


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