São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 2002

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VENEZUELA EM CRISE

Líder sindical diz que greve geral passará de "passiva" para "ativa" e volta a atacar Brasil por envio de gasolina

Oposição a Chávez promete "radicalizar" protestos

DA REDAÇÃO

A oposição ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, promete "radicalizar" seus protestos, "se necessário". Segundo Carlos Ortega, presidente da CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela), um dos organizadores da greve geral iniciada no dia 2, o movimento passaria de "passivo" a "ativo". Ele não detalhou como seria essa radicalização. "Isso é uma estratégia, e as estratégias não são ditas", afirmou.
A paralisação continua afetando significativamente a indústria petrolífera, a principal do país. A Venezuela é o quinto maior produtor mundial do petróleo, produto responsável por 80% de suas exportações.
Com a expectativa gerada pelo envio, anteontem, de um navio com 520 mil barris de gasolina (o suficiente para o consumo de dois dias do país), pela Petrobras, muitos venezuelanos correram ontem aos postos de gasolina, aumentando ainda mais as já longas filas à espera de abastecimento. Também faltam alimentos e outros produtos.
O envio do combustível pelo Brasil gerou críticas da oposição venezuelana, que acusou o governo brasileiro de "intromissão" em assuntos internos do país.
Ortega voltou a atacar ontem o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. "Acho que ele está muito mal assessorado, só escutou uma versão com relação à crise venezuelana", disse. O pedido de envio de gasolina havia sido feito por Chávez na semana passada a Marco Aurélio Garcia, enviado especial de Lula a Caracas.
Lula e Garcia negam intromissão e parcialidade na crise no país.
Os grevistas dizem que manterão a paralisação até a renúncia de Chávez, cujo mandato vence em 2007, e a convocação de eleições.
O Colégio de Oficiais da Marinha Mercante venezuelana anunciou ontem a implementação de um "plano de contingência" para evitar que o governo continue a retomar os navios petroleiros tomados pelos grevistas. A entidade pretendia entrar com um pedido na Justiça para evitar a ação do governo, argumentando que a movimentação das embarcações por pessoal não treinado poderia colocar em risco sua segurança. Após o anúncio, centenas de simpatizantes de Chávez se concentraram em frente ao Supremo Tribunal, em Caracas, para protestar contra a ação dos marinheiros.
O embaixador dos EUA em Caracas, Charles Shapiro, disse ontem ver "cada vez mais possibilidade" de violência no país.


Com agências internacionais


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