São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

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Washington culpa Hamas por violência

EUA pedem que Israel "evite" baixas civis durante operação em Gaza, mas dizem que conflito só acabará com fim de disparos do Hamas

Rússia e União Européia, por sua vez, exortam fim de ataques de ambos lados; países árabes fazem reunião emergencial hoje no Cairo


DA REDAÇÃO

Os EUA responsabilizaram ontem o Hamas pelo recrudescimento da violência em Gaza e instaram Israel a evitar vítimas civis na operação militar, sem no entanto pedir o fim dos ataques. Israel diz que seu principal alvo é a infra-estrutura do grupo radical palestino.
Tradicional aliado de Israel, Washington disse que, para que a violência acabe, o Hamas -considerado pelos EUA um grupo terrorista- deve parar com os disparos de foguetes contra o território israelense.
"Os EUA condenam fortemente os repetidos ataques de foguetes e morteiros contra Israel e consideram o Hamas responsável pelo fim do cessar-fogo e pela retomada da violência em Gaza", afirmou em nota a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.
"O cessar-fogo deve ser restaurado imediatamente. Os EUA pedem a todos os envolvidos que atentem para as necessidades humanitárias urgentes do povo inocente de Gaza", diz ainda a nota.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Gordon Johndroe, afirmou que cabe ao Hamas pôr fim à violência. "Os contínuos ataques com foguetes do Hamas devem cessar se querem acabar com a violência. O Hamas deve pôr fim a suas atividades terroristas se quer ter um papel no futuro do povo palestino."
"Os EUA instam Israel a evitar a morte de civis ao bombardear o Hamas em Gaza", acrescentou.
Em férias no Havaí, o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, disse por meio de um porta-voz que está monitorando os eventos globais, incluindo a situação em Gaza, mas que "há um só presidente por vez".
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, qualificou a operação de "criminosa" e pediu a intervenção da comunidade internacional. Abbas afirmou ter iniciado "contatos urgentes" com diversos países, com o objetivo de impedir que os ataques continuem.
A União Européia e a Rússia pediram a interrupção imediata tanto dos disparos de foguetes pelos palestinos quanto dos bombardeios israelenses.
Nicolas Sarkozy, presidente da França -país que está na Presidência temporária da UE-, condenou em nota "as provocações irresponsáveis que conduziram a essa situação", bem como o "uso desproporcional da força". "Não existe uma solução militar para Gaza", acrescentou.
O chefe de política externa da UE, Javier Solana, pediu um "cessar-fogo imediato" na região. Solana afirmou que "é preciso fazer o necessário para renovar a trégua" -que expirou em 19 de novembro. O Reino Unido pediu "máxima contenção" aos dois lados.

Reação árabe
O mundo árabe e muçulmano reagiu em peso contra o ataque israelense. A Liga Árabe fará uma reunião em Doha na próxima quinta para examinar o caso. E o rei Abdullah 2º, da Jordânia, contatou líderes da região para "lançar uma iniciativa árabe e internacional para pôr fim à agressão israelense".
O Egito, que mediou a última trégua entre israelenses e palestinos, condenou os bombardeios e, em protesto, convocou seu embaixador em Israel.
Em nota, o Cairo disse que vai continuar tentando mediar a paz entre os dois lados. O texto afirma ainda que o Egito havia alertado Israel para as "graves conseqüências" de atacar a faixa de Gaza e apelado aos grupos palestinos para que restaurassem a trégua.


Com agências internacionais


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