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A GUERRA CONTINUA
Pior choque em dez meses entre tropas americanas e rebeldes afegãos mata 18 e mostra que situação é instável
EUA travam violenta batalha no Afeganistão
DA REDAÇÃO
Soldados americanos e forças
aliadas empreendiam ontem a
mais violenta batalha dos últimos
dez meses no Afeganistão, contra
um grupo de cerca de 80 combatentes supostamente alinhados
com o chefe rebelde Gulbuddin
Hekmatyar, adversário do atual
presidente Hamid Karzai (apoiado pelos EUA). Pelo menos 18 rebeldes teriam morrido. Não haveria baixas entre os aliados ou civis.
À medida que os EUA concentram seus esforços militares para
um provável ataque ao Iraque, as
forças americanas em ação no
Afeganistão continuam sofrendo
ataques localizados, num sinal de
que, 15 meses após o início da intervenção americana (outubro de
2001), a situação no país é instável.
O conflito começou anteontem
numa região montanhosa e repleta de cavernas ao sul do Afeganistão, a 25 km de Spin Boldak (fronteira com Paquistão). Nos últimos
meses, diversos ataques menores
contra tropas americanas têm
ocorrido na fronteira entre os
dois países. Um sargento da Força
Aérea morreu na região.
Após o período mais intenso de
bombardeio americano (entre o
final de 2001 e o início de 2002),
militantes do regime extremista
do Taleban, deposto pelos EUA, e
da Al Qaeda fugiram para o vizinho Paquistão. Militares americanos estão preocupados com a
possibilidade de eles estarem de
novo treinando no sul do Afeganistão, em aliança com grupos
descontentes com Karzai.
"É a maior concentração de forças inimigas desde a Operação
Anaconda", disse o porta-voz da
base aérea americana de Bagram,
Roger King. A referida operação
aconteceu em março de 2002 e teve como alvo membros do Taleban e da Al Qaeda refugiados na região montanhosa de Tora Bora.
Segundo King, mais de 350 militares estariam participando da luta do lado americano, além de aliados afegãos. Os combatentes
em terra receberam apoio aéreo
de bombardeiros americanos B-1,
que jogaram 19 bombas de 900 kg
sobre posições inimigas.
Também houve participação de
aviões F-16 de países europeus
aliados dos EUA, entre eles a Noruega -que, pela primeira vez
desde a Segunda Guerra Mundial
(1939-45), participou de um ataque-, e de helicópteros Apache,
dos EUA.
"O número de cavernas é bem
maior do que esperávamos. Não
será algo que superaremos rapidamente", disse o tenente-coronel Mike Shields.
Segundo o porta-voz americano, os rebeldes estariam ligados
ao líder afegão Gulbuddin Hekmatyar, 52. Ele foi um dos principais líderes da resistência à ocupação soviética do Afeganistão
(1979-89) e recebeu milhões de
dólares de ajuda dos EUA. Entre
1989 e 92, continuou a lutar, assim
como outros grupos apoiados pelos EUA, para derrotar o regime
afegão pró-Moscou.
Entre 1992 e 1996, período em
que o Afeganistão estava praticamente sem governo, participou
de um cerco a Cabul (capital) que
resultou na destruição de 70% da
cidade e na morte de 50 mil pessoas. Finalmente, quando a milícia extremista islâmica Taleban
tomou a capital, Hekmatyar se
exilou no Irã.
Em 2001, após a queda do Taleban, ele rejeitou o acordo patrocinado pela ONU que resultou na
formação de um novo governo, liderado pelo presidente Harmid
Karzai. Segundo ele, a nova administração foi imposta pelos EUA.
Acredita-se que ele tenha deixado o Irã em 2002 e voltado para o
Afeganistão, onde é visto pelo governo como um criminoso de
guerra. Ele é suspeito de estar por
trás de tentativa de assassinato de
Karzai, em setembro último.
Nos últimos meses, o líder rebelde teria proposto uma aliança
com remanescentes do Taleban
para lutar contra as forças americanas. Também teria oferecido
uma recompensa para quem conseguir matar soldados dos EUA.
Com agências internacionais
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