São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Grupo terrorista palestino ganha maioria nos Legislativos municipais; Israel reduz suas operações militares

Hamas mostra força com vitória eleitoral em Gaza

DO "INDEPENDENT"

O grupo terrorista Hamas conseguiu anteontem uma importante vitória em eleições locais realizadas na faixa de Gaza, dando uma demonstração de força no âmbito municipal, além de aplicar um golpe no Fatah - partido do presidente palestino, Mahmoud Abbas. Centenas de palestinos marcharam em Gaza para celebrar a vitória dos candidatos do movimento radical, responsável por dezenas de atentados terroristas contra Israel e que prega a criação de um Estado islâmico.
De acordo com estimativas, o Hamas obteve 75 cadeiras de um total de 118 que estavam em jogo na disputa por vagas em conselhos palestinos. De dez cidades onde foram eleitos os conselhos (espécie de câmara de vereadores), sete ficaram sob controle do Hamas.
A vitória do Hamas não reflete necessariamente um forte apoio da população palestina às ações terroristas do grupo. Muitos palestinos apóiam o Hamas porque o braço social da organização financia hospitais, escolas e creches. O Fatah, que conseguiu 39 cadeiras, é visto por parte da população palestina como um partido corrupto.
Vitorioso em Gaza e com bom desempenho nas eleições locais na Cisjordânia -onde o Fatah se saiu melhor-, o Hamas boicotou a eleição presidencial palestina.
Para o analista político palestino Hani Habib, isso não significa que o Hamas aumentará a sua oposição ao presidente palestino. Ao contrário, o grupo pode se sentir mais a vontade para partir para o campo político, deixando de lado a violência e aceitando uma trégua.
Opinião semelhante tem o governo israelense. Raanan Gissin, porta-voz do premiê Ariel Sharon, disse: "As eleições podem ter um efeito positivo. Pode ser um incentivo para o fim do terrorismo. Agora o Hamas precisa cumprir as suas promessas e melhorar as condições de vida dos palestinos. Não é possível tomar decisões e ao mesmo tempo manter atividades terroristas". Um dos objetivos do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, é justamente trazer para o campo político palestino o Hamas e outros grupos terroristas.
Em mais um desdobramento positivo para as iniciativas de paz, Israel anunciou ontem que suspenderá suas ações em áreas controladas pelas forças palestinas na faixa de Gaza e as reduzirá substancialmente na Cisjordânia em resposta aos esforços de Abbas para impedir os ataques contra israelenses.
A decisão de Israel é uma demonstração de confiança do governo do premiê Ariel Sharon em Abbas, que, na última semana, mobilizou mais de 3.000 integrantes das forças de segurança palestinas para a fronteira entre Gaza e Israel. A ANP negocia com os grupos terroristas palestinos um cessar-fogo.
A trégua ainda não foi anunciada formalmente, mas, nos últimos dias, não houve episódios de violência. Tanto Israel quanto os grupos palestinos deram indicações de que um cessar-fogo temporário será implementado.
As forças palestinas também foram mobilizadas ontem para o sul da faixa de Gaza, considerada uma zona mais volátil, onde se localizam os campos de refugiados de Rafah e Khan Younis.
O comando militar israelense informou em comunicado: "Operações pró-ativas do Exército em Gaza serão suspensas nos locais onde as forças de segurança palestinas foram mobilizadas". Acrescenta que "as ações do Exército contra terroristas na Cisjordânia ocorrerão apenas se houver ameaça de células terroristas".


Com agências internacionais


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