São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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Rússia dá voto de confiança a Obama e paralisa reação a escudo antimísseis

DA REDAÇÃO

A Rússia adiou a instalação de mísseis em Kaliningrado, encrave no mar Báltico próximo à fronteira polonesa, em "gesto de boa vontade" com o novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A militarização de Kaliningrado era uma resposta do Kremlin ao projeto americano de construir um escudo antimísseis com bases na Polônia e na República Tcheca, iniciado pelo governo de George W. Bush.
"É um primeiro gesto de entendimento mútuo. Ao anunciar que fechariam Guantánamo e sairiam do Iraque em 16 meses, [os EUA] fizeram gestos. Este é nosso gesto. Nós esperaremos que Obama articule sua posição sobre o escudo antimísseis", afirmou Igor Yurgens, assessor do presidente russo, Dmitri Medvedev, ao "Financial Times".
Medvedev e Obama conversaram anteontem por telefone. Segundo o Kremlin, discutiram a intenção de "renovar o potencial das relações russo-americanas e resolver questões de forma construtiva". Fontes militares russas ouvidas por agências internacionais dizem que o país não desistirá do projeto em Kaliningrado sem ter como contrapartida o cancelamento do escudo americano.
Em Davos, onde participou do Fórum Econômico Mundial, o premiê russo, Vladmir Putin, também adotou tom conciliatório. Em discurso transmitido ao vivo pela TV, o ex-presidente disse estar certo de que os "parceiros" americanos têm interesse em "um trabalho conjunto construtivo".
"Nós somos contra gastar mais dinheiro em esforços militares. Nós temos de tornar as relações internacionais menos perigosas e devemos continuar os esforços de desarmamento", afirmou Putin, cuja Presidência foi marcada pelo vigoroso crescimento econômico e retomada dos gastos militares russos. Anteontem, em entrevista, o primeiro-ministro disse acreditar que o governo Obama possa rever a implementação do escudo antimísseis.
Denunciado por Moscou como uma ameaça à sua segurança, o projeto visa proteger a Europa de um eventual ataque iraniano, segundo o Pentágono.
Moscou condiciona a renovação do Start (acordo de redução de armas estratégicas), que expira em dezembro, ao abandono do projeto americano, que prevê a instalação de mísseis interceptores na Polônia e de um radar na República Tcheca, ex-satélites soviéticos hoje alinhados ao Ocidente.
Obama apoia a renovação do Start e, em campanha, foi evasivo sobre o escudo antimísseis. Embora não tenha se declarado contrário ao projeto, afirmou que o escudo só deveria ser instalado com "ampla aprovação" dos aliados na Otan (aliança militar ocidental) e tecnologia confiável, mesmo que isso atrasasse o cronograma. Segundo o Departamento da Defesa, a equipe do novo governo estuda se o projeto é "viável".


Com o "Financial Times" e agências internacionais


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