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Rússia dá voto de confiança a Obama e paralisa reação a escudo antimísseis
DA REDAÇÃO
A Rússia adiou a instalação
de mísseis em Kaliningrado,
encrave no mar Báltico próximo à fronteira polonesa, em
"gesto de boa vontade" com o
novo presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama. A militarização de Kaliningrado era
uma resposta do Kremlin ao
projeto americano de construir
um escudo antimísseis com bases na Polônia e na República
Tcheca, iniciado pelo governo
de George W. Bush.
"É um primeiro gesto de entendimento mútuo. Ao anunciar que fechariam Guantánamo e sairiam do Iraque em 16
meses, [os EUA] fizeram gestos. Este é nosso gesto. Nós esperaremos que Obama articule
sua posição sobre o escudo antimísseis", afirmou Igor Yurgens, assessor do presidente
russo, Dmitri Medvedev, ao
"Financial Times".
Medvedev e Obama conversaram anteontem por telefone.
Segundo o Kremlin, discutiram
a intenção de "renovar o potencial das relações russo-americanas e resolver questões de
forma construtiva". Fontes militares russas ouvidas por agências internacionais dizem que o
país não desistirá do projeto
em Kaliningrado sem ter como
contrapartida o cancelamento
do escudo americano.
Em Davos, onde participou
do Fórum Econômico Mundial, o premiê russo, Vladmir
Putin, também adotou tom
conciliatório. Em discurso
transmitido ao vivo pela TV, o
ex-presidente disse estar certo
de que os "parceiros" americanos têm interesse em "um trabalho conjunto construtivo".
"Nós somos contra gastar
mais dinheiro em esforços militares. Nós temos de tornar as
relações internacionais menos
perigosas e devemos continuar
os esforços de desarmamento",
afirmou Putin, cuja Presidência foi marcada pelo vigoroso
crescimento econômico e retomada dos gastos militares russos. Anteontem, em entrevista,
o primeiro-ministro disse acreditar que o governo Obama
possa rever a implementação
do escudo antimísseis.
Denunciado por Moscou como uma ameaça à sua segurança, o projeto visa proteger a Europa de um eventual ataque iraniano, segundo o Pentágono.
Moscou condiciona a renovação do Start (acordo de redução de armas estratégicas), que
expira em dezembro, ao abandono do projeto americano,
que prevê a instalação de mísseis interceptores na Polônia e
de um radar na República
Tcheca, ex-satélites soviéticos
hoje alinhados ao Ocidente.
Obama apoia a renovação do
Start e, em campanha, foi evasivo sobre o escudo antimísseis.
Embora não tenha se declarado
contrário ao projeto, afirmou
que o escudo só deveria ser instalado com "ampla aprovação"
dos aliados na Otan (aliança
militar ocidental) e tecnologia
confiável, mesmo que isso atrasasse o cronograma. Segundo o
Departamento da Defesa, a
equipe do novo governo estuda
se o projeto é "viável".
Com o "Financial Times" e agências internacionais
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