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Bolívia convoca referendos sobre Carta
Com o Congresso cercado por movimentos sociais pró-Evo Morales, governistas dão passo final no processo constituinte
Oposicionistas, ausentes,
acusam governo de impor
seus projetos pela força; leis
aprovadas barram votações
sobre autonomia regional
DA REDAÇÃO
Com o edifício cercado por
camponeses, indígenas e mineiros leais ao presidente Evo
Morales e sem a presença da
oposição, a maioria governista
do Congresso da Bolívia aprovou ontem à noite a convocação
de dois referendos sobre a nova
Constituição do país, passos
que abrem caminho à promulgação do texto aprovado em dezembro.
Ambas as consultas foram
marcadas para o dia 4 de maio.
Duas perguntas serão feitas:
uma na qual a população decidirá a definição de latifúndio, se
maior que 5.000 ha ou 10 mil
ha; e a que ratificará ou rejeitará o texto completo da Carta,
que os oposicionistas consideram ilegal.
Segundo a agência de notícias oficial ABI, os governistas
aprovaram ainda a interpretação de uma lei de modo a vetar
aos departamentos bolivianos
o poder de convocar consultas
sobre os estatutos de autonomia administrativa em relação
a La Paz. Com isso, barram a
iniciativa de quatro regiões
opositoras lideradas pelo poderoso departamento de Santa
Cruz. A prerrogativa será exclusivamente do Congresso.
A oposição reagiu duramente
às aprovações e acusou o governo de impor ditatorialmente
seus projetos, com o uso de
pressão dos movimentos sociais, dando mais fôlego à arrastada crise política do país.
"Eles provocam, buscam
uma explosão civil", disse o governador de Santa Cruz, Rubén
Costas. O principal partido
opositor, o Podemos, contestou
que o plenário do Congresso tivesse quórum -os parlamentares da sigla deixaram o local para tentar impedir a votação.
A deputada Ninoska Lazarte
(Podemos), disse ter sofrido
ataques dos apoiadores de Morales na praça. Segundo os opositores, não havia segurança.
Manobra e festa
Com a sessão de ontem, os
governistas repetem estratégia
usada em novembro, quando,
com o edifício também cercado
e sob protestos de parlamentares da oposição que se disseram
impedidos de entrar, passaram
no Parlamento medidas rejeitadas pelos opositores.
O governo tem maioria na
Câmara, mas não no Senado,
problema que consegue driblar
em sessões conjuntas.
"Agora será o povo que terá
de decidir o futuro do país", disse o vice-presidente e presidente do Senado, Álvaro García Linera, antes de sair ao balcão do
palácio de governo para cumprimentar seus apoiadores.
"Por favor, não vão embora.
O presidente Morales vai promulgar a convocação amanhã
[hoje]", disse García Linera, enquanto mineiros espocavam dinamites em comemoração.
A aposta do governo Morales
é que as urnas podem virar o jogo político a favor de La Paz, diminuindo o espaço dos opositores. Mas analistas alertam
que as consultas podem apenas
repetir o quadro de empate,
com a Carta sendo rejeitada no
rico leste do país.
Com agências internacionais
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