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FRENTE INTERNA
Bush fica irritado com os questionamentos da mídia sobre a duração do conflito
Governo dos EUA critica imprensa
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O governo dos EUA criticou ontem o comportamento da mídia
na cobertura da guerra contra o
Iraque. Segundo fontes da Casa
Branca, o presidente George W.
Bush estaria "frustrado" com o
"modo estúpido" da imprensa de
pressioná-lo por respostas sobre a
duração do conflito.
A Casa Branca e o Departamento de Defesa chegaram a externar
publicamente o descontentamento com a mídia e reforçaram a estratégia de preparar a opinião pública para uma guerra mais longa
do que o previsto.
"Temos visto muita alteração
no humor e percepção da mídia.
Muitos altos e baixos, às vezes no
mesmo dia", disse o secretário de
Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld. Em seguida, ele afirmou que
"a cobertura maciça [do conflito]
pode ser desorientadora". "Felizmente, o povo americano sabe
discernir o que vê e ouve."
O porta-voz de Bush, Ari Fleischer, disse: "O presidente acha
que perguntas sobre o quanto a
guerra vai durar são legítimas.
Mas há uma diferença entre perguntar isso e questionar, como
vem sendo feito, a razão pela qual
esta guerra ainda não acabou".
A expectativa de uma guerra rápida foi criada inicialmente pelo
próprio governo. Três dias antes
de Bush autorizar o lançamento
do primeiro míssil contra Bagdá,
o vice-presidente dos EUA, Dick
Cheney, deu entrevistas a programas na TV sugerindo que a campanha seria "relativamente rápida" e que poderia terminar "não
em meses, mas em semanas".
Em discurso para veteranos de
guerra ontem, Bush disse que
Saddam Hussein "agora controla
apenas uma pequena parte do seu
país. Contra esse inimigo, não
aceitaremos nada menos do que a
vitória", completou.
Como parte do esforço para justificar a guerra e frisar que ela não
tem prazo para terminar, o secretário-adjunto de Defesa, Paul
Wolfowitz, reuniu ontem a imprensa estrangeira em Washington a fim de apresentar atrocidades cometidas por Saddam Hussein contra o seu povo. Estava
acompanhado por três iraquianos exilados nos EUA.
"Nós não subestimamos a duração desse conflito", disse Wolfowitz. "O que talvez tenhamos subestimado é a capacidade de Saddam de agir fora das regras básicas de uma guerra. Não antecipamos, por exemplo, que os iraquianos fingiriam estar se rendendo
para em seguida atirar contra
nós", declarou.
Em seu discurso aos veteranos,
Bush disse que o ditador está "assassinando" os que se recusam a
lutar contra os americanos e "executando" prisioneiros. "O contraste não poderia ser maior entre
a nossa conduta honrosa e os atos
criminosos do inimigo."
No final do dia de ontem, Bush
partiu novamente para Camp David, a casa de campo da Presidência dos Estados Unidos, que fica a
100 km da Casa Branca. Hoje,
Bush deverá fazer uma teleconferência com os membros do seu
conselho de guerra.
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