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São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

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FRENTE INTERNA

Bush fica irritado com os questionamentos da mídia sobre a duração do conflito

Governo dos EUA critica imprensa

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O governo dos EUA criticou ontem o comportamento da mídia na cobertura da guerra contra o Iraque. Segundo fontes da Casa Branca, o presidente George W. Bush estaria "frustrado" com o "modo estúpido" da imprensa de pressioná-lo por respostas sobre a duração do conflito.
A Casa Branca e o Departamento de Defesa chegaram a externar publicamente o descontentamento com a mídia e reforçaram a estratégia de preparar a opinião pública para uma guerra mais longa do que o previsto.
"Temos visto muita alteração no humor e percepção da mídia. Muitos altos e baixos, às vezes no mesmo dia", disse o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld. Em seguida, ele afirmou que "a cobertura maciça [do conflito] pode ser desorientadora". "Felizmente, o povo americano sabe discernir o que vê e ouve."
O porta-voz de Bush, Ari Fleischer, disse: "O presidente acha que perguntas sobre o quanto a guerra vai durar são legítimas. Mas há uma diferença entre perguntar isso e questionar, como vem sendo feito, a razão pela qual esta guerra ainda não acabou".
A expectativa de uma guerra rápida foi criada inicialmente pelo próprio governo. Três dias antes de Bush autorizar o lançamento do primeiro míssil contra Bagdá, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, deu entrevistas a programas na TV sugerindo que a campanha seria "relativamente rápida" e que poderia terminar "não em meses, mas em semanas".
Em discurso para veteranos de guerra ontem, Bush disse que Saddam Hussein "agora controla apenas uma pequena parte do seu país. Contra esse inimigo, não aceitaremos nada menos do que a vitória", completou.
Como parte do esforço para justificar a guerra e frisar que ela não tem prazo para terminar, o secretário-adjunto de Defesa, Paul Wolfowitz, reuniu ontem a imprensa estrangeira em Washington a fim de apresentar atrocidades cometidas por Saddam Hussein contra o seu povo. Estava acompanhado por três iraquianos exilados nos EUA.
"Nós não subestimamos a duração desse conflito", disse Wolfowitz. "O que talvez tenhamos subestimado é a capacidade de Saddam de agir fora das regras básicas de uma guerra. Não antecipamos, por exemplo, que os iraquianos fingiriam estar se rendendo para em seguida atirar contra nós", declarou.
Em seu discurso aos veteranos, Bush disse que o ditador está "assassinando" os que se recusam a lutar contra os americanos e "executando" prisioneiros. "O contraste não poderia ser maior entre a nossa conduta honrosa e os atos criminosos do inimigo."
No final do dia de ontem, Bush partiu novamente para Camp David, a casa de campo da Presidência dos Estados Unidos, que fica a 100 km da Casa Branca. Hoje, Bush deverá fazer uma teleconferência com os membros do seu conselho de guerra.


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