São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Bush discutirá "escudo" com os russos

Presidente conversa com Putin sobre sistema antimísseis; Pentágono fala em "colaboração", mas Rússia teme ser alvo

Segundo EUA, radar na República Tcheca e mísseis na Polônia visam proteger Leste Europeu de possíveis ataques de potências hostis

DA REDAÇÃO

O presidente americano, George W. Bush, tomou ontem a iniciativa de telefonar ao presidente russo, Vladimir Putin, para informá-lo -segundo a versão dada em Moscou- de que estava disposto a abrir discussões sobre o controvertido sistema de escudo antimísseis.
O dispositivo de defesa tem envenenado o clima bilateral. A Rússia se sente ameaçada por algo que, na versão dos Estados Unidos, visa proteger o Leste Europeu de países como a Coréia do Norte e o Irã.
O responsável por programas de mísseis no Pentágono, Henry Obering, disse que Washington "está aberto à colaboração com os russos, no mais amplo sentido da palavra".
O escudo antimísseis consiste numa estação de radar X-Band, instalada na República Tcheca e acoplada a dez silos de lançamento de mísseis em território polonês. Os pequenos foguetes de 75 quilos, desprovidos de ogivas, seriam utilizados para interceptar mísseis hostis.
Segundo ainda os americanos, o sistema será operacional em 2012, três anos antes que o Irã esteja capacitado a lançar mísseis de médio alcance.

Objeções da Alemanha
O fato de o mecanismo de defesa deixar a Rússia irritada provocou objeções da Alemanha, que teme o retorno a um clima de Guerra Fria. O ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, no exercício da presidência rotativa da União Européia e do G8 (países mais industrializados), exortou os EUA a medir os custos políticos e diplomáticos do projeto, antes de levá-lo adiante.
Ontem, em Praga, o primeiro-ministro tcheco, Mirek Topolanek, deu o sinal verde ao projeto, mas disse que um acordo definitivo dependia de aprovação parlamentar, o que provavelmente não ocorrerá antes de dezembro.

Otan está excluída
Teoricamente, o sistema de defesa poderia ser instalado como uma ferramenta suplementar da Otan, a aliança militar da Europa e América do Norte, integrada por 26 países.
Mas a solução é descartada pelos Estados Unidos, disse terça-feira Brian Green, um dos secretários assistentes do Pentágono, porque a Otan exige que as decisões estratégicas sejam tomadas pela unanimidade de seus membros, o que desencadearia um processo interminável de debates parlamentares.


Com agências internacionais


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