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Uribe faz oferta às Farc por Betancourt
Embora não atenda condições da guerrilha, Bogotá diz que soltará rebeldes presos se ex-candidata ou mais reféns forem libertados
Proposta, que aumenta a pressão sobre o grupo, vem depois de relatos da saúde deteriorada de seqüestrada; França elogia a iniciativa
John Vizcaino/Reuters
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O presidente colombiano, Álvaro Uribe, em discurso no qual cobrou que as Farc soltem os reféns doentes "se querem ter algum futuro"
DA REDAÇÃO
Diante de informações de
que a refém Ingrid Betancourt
está em condições de saúde
muito delicadas, o governo do
presidente colombiano, Álvaro
Uribe, baixou um decreto oferecendo às Farc a soltura imediata de um número ilimitado
de guerrilheiros presos em troca da libertação da franco-colombiana ou de vários seqüestrados, com a única condição de
que, fora da cadeia, os rebeldes
"não voltem a delinqüir".
Uribe frisou que, ao lado do
decreto lançado na noite de anteontem, continua a valer um
fundo de recompensa de US$
100 milhões para guerrilheiros
que desertem e entreguem os
reféns. Disse também que os
militares estão empenhados
em ações para a "localização
humanitária dos reféns".
O decreto foi desenhado para
Betancourt. O texto diz que o
governo dará por fechado um
acordo e libertará os rebeldes
uma vez que as Farc soltem "a
ou as pessoas seqüestradas".
No entanto o procurador-geral
da Colômbia, Mario Iguarán,
declarou que a legislação do
país não permite a libertação de
guerrilheiros presos em troca
apenas de Betancourt.
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
ainda não se pronunciaram.
Mas a oferta de Uribe, ainda
que tire restrições como a não-diferenciação de guerrilheiros
condenados por crimes de lesa-humanidade, não atende exigências anteriores da guerrilha.
Depois das últimas libertações unilaterais de reféns em
"desagravo" ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, em
fevereiro, as Farc voltaram a
exigir a desmilitarização das
áreas dos municípios de Pradera e Florida (oeste) para libertar mais seqüestrados. Insistiram que, no grupo de presos
"trocáveis", estão dois guerrilheiros condenados nos EUA.
A exigência, no decreto de
anteontem, do compromisso
dos libertados de não voltar às
fileiras da guerrilha também
alude a um ponto conflitivo das
negociações, já que as Farc rejeitam a "desmobilização" de
seus quadros intermediários.
França e família
A ofensiva de Uribe aconteceu horas depois de o próprio
governo minimizar declarações do defensor público colombiano, Vólmar Pérez, de
que a ex-candidata presidencial, seqüestrada há mais de
seis anos, estava em estado de
saúde "muito delicado" e que,
sofrendo de leishmaniose e hepatite B, havia sido atendida em
um posto de saúde do departamento de Guaviare (sul).
Relatos de ex-reféns, dando
conta de que Betancourt está
deprimida e recebe tratamento
duro na selva, também aumentaram a pressão sobre Bogotá
para uma "troca humanitária".
A morte de Betancourt seria
um golpe duplo para as Farc,
que perderiam seu mais forte
trunfo para negociar e encerraria a tentativa de recompor sua
imagem internacionalmente.
Com mais de 80% de aprovação interna, um desfecho trágico da situação seria um revés
-sobretudo internacional-
também para Uribe, por sua relutância em aceitar interlocutores externos no tema, como
Chávez. A França, que havia
criticado a ação que matou o
porta-voz das Farc Raúl Reyes
no Equador -apontado como
interlocutor na troca- reagiu
positivamente ao pacote, aumentando a pressão sobre a
guerrilha. Argentina, Espanha
e o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, também elogiaram a iniciativa.
Já os familiares e comitês
pró-Betancourt reagiram com
misto de esperança e ceticismo.
O marido de Betancourt, Juan
Carlos Lecompte, avaliou a
proposta como confusa e disse
preferir que ela contivesse
"respostas concretas" às Farc.
Com agências internacionais
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