STEPHEN CASTLE
DO "THE INDEPENDENT"

Eles vieram, assinaram e -o mais rápido possível- partiram de uma das reuniões de cúpula mais bizarras a que já compareceram ou terão de comparecer.
Ontem, por pouco mais de cinco horas, a base militar de Pratica di Mare, perto de Roma, foi transformada num cenário grandioso e kitsch para os líderes da Otan e da Rússia firmarem um acordo histórico. E, graças ao anfitrião, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, tudo foi feito com o pior gosto possível.
Para o americano George W. Bush, abalado por sucessivas mudanças de fuso horário em seu giro europeu e demonstrando não ter muita certeza em qual país estava, deve ter sido uma experiência atordoante.
A um custo de 12 milhões de euros (quase R$ 28 milhões), o frágil palco parecia uma cópia da Disney de um anfiteatro romano, embora decorado com genuínas estátuas romanas trazidas de um museu de Nápoles.
Berlusconi se interessou até por detalhes da decoração, como os arranjos florais da área do jantar, descritos por um diplomata como "algo fúnebres".
Para não correr riscos, o evento de ontem ocorreu longe de Roma, com a mobilização de 15 mil seguranças. Num dado momento, jatos sobrevoaram o local e deixaram rastros de fumaça nas três cores da bandeira italiana: verde, vermelho e branco. Orgulhoso, Berlusconi sorriu.
O premiê parecia tão preocupado em aparecer que, na conferência de imprensa, ele interrompeu o presidente russo. "Eu certamente fiz tudo o que pude para este acordo sair", disse o italiano, que também defendeu que "gradualmente, a Rússia deveria se tornar membro da União Européia".
Depois, num longo monólogo, Berlusconi anunciou seus planos de aliviar a pobreza no Terceiro Mundo.



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